19 de outubro de 2025
De munição a arsenal atômico: ministros e parlamentares defendem corrida armamentista no Brasil
Autor: Daniel Menezes
Metrópoles - Enquanto o mundo vive em uma espiral de incertezas sobre o futuro da segurança global, discussões sobre a necessidade de o Brasil investir na Defesa têm ganhado espaço na política nacional. E esses debates abordam temas que abrangem desde o aumento de gastos com armas até a possibilidade da criação de uma bomba atômica brasileira.
Defesa no Brasil
- Parlamentares até ministros do governo Lula discutem a necessidade de o Brasil entrar em uma corrida armamentista.
- Para o ministro da Defesa, José Múcio, o país deve aumentar os gastos nesse segmento, diante da situação delicada que as Forças Armadas enfrentam.
- Já o deputado federal Kim Kataguiri (União) defende que o país reveja a proibição de armas nucleares no Brasil.
- O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também já se mostrou favorável ao uso de energia nuclear para fins militares.
Com as recentes mudanças geopolíticas, e as guerras que estouraram recentemente, o mundo entrou em uma nova corrida armamentista. Segundo relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), os gastos militares globais bateram a casa dos US$ 2,7 trilhões no último ano — US$ 100 bilhões somente com armas nucleares, de acordo com estudo da Campanha Internacional para Abolir Armas Nuclear (ICAN).
Na contramão da tendência mundial, o Brasil gastou R$ 112,25 bilhões com Segurança Nacional. Os dados do Ministério da Defesa, contudo, mostram que boa parte do valor, R$ 77,4 bilhões, foi destinado ao pagamento de militares da ativa, inativos e pensionistas.
É nesse cenário que parlamentares, e até mesmo ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), têm feito alertas sobre a necessidade de olhar, com mais atenção, para as capacidades militares do Brasil.
Pedido de socorro
Escolhido por Lula em 2022 para chefiar o Ministério da Defesa, José Múcio já pediu, diversas vezes, que o Brasil siga a linha de outras nações e aumente os gastos nesse segmento.
No fim de setembro, ele esteve no Senado, onde participou de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN). Durante o encontro com parlamentares, o ministro fez um balanço sobre as forças brasileiras e alertou para uma situação “grave”.
Segundo Múcio, as Forças Armadas do Brasil enfrentam um período dramático. Na atual conjuntura, o país tem munição disponível somente para 30 dias, conforme ressaltou o ministro aos senadores.
“Falta combustível, faltam peças, falta munição”, disse. “Nós temos 30 dias de munição; 30 dias espanta o inimigo, mas, se ele voltar outra vez, não tem o que fazer.”
Na audiência, Múcio reconheceu que o Brasil possui um histórico de relações pacíficas com o restante da comunidade internacional. No entanto, o titular da pasta federal argumentou que não existem garantias de que “estaremos para sempre em paz”.
Por isso, Múcio revelou ter ido atrás de ajuda dos parlamentares, com o intuito de aumentar o orçamento de defesa nacional. Neste sentido, o ministro argumentou a favor da PEC da Previsibilidade, apresentada pelo senador Carlos Portinho (PL).
A medida, que está parada no Congresso desde 2023, prevê a injeção de R$ 30 bilhões nas Forças Armadas, distribuídos em R$ 5 bilhões anuais ao longo de seis anos.
Para analistas ouvidos pelo Metrópoles, a PEC de Portinho é o principal caminho para que o Brasil aumente a segurança nacional.
“A PEC do senador Carlos Portinho é o elemento chave nessas discussões sobre defesa e soberania nacional”, afirma o professor Sandro Teixeira, da Escola do Comando e Estado-Maior do Exército do Brasil (Eceme). “A defesa deveria ser prioridade para o Brasil, mas muitos políticos não têm prestado atenção nessa questão. Apesar do histórico pacífico do Brasil, não podemos acreditar que todas as questões possam ser resolvidas apenas por meio do diálogo. É preciso, também, possuir capacidade de se defender quando a conversa passar a não funcionar.”[0] Comentários | Deixe seu comentário.