14 de dezembro de 2025

Entenda por que Zambelli optou pela renúncia ao mandato e qual sua estratégia

Autor: Daniel Menezes

Estadão - A renúncia da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) era uma carta que aliados e advogados dela mantinham na manga desde antes da votação no plenário da Câmara que deu sobrevida temporária ao mandato da parlamentar, na madrugada de quinta-feira, 11.

O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), já tinha sido avisado que ela avaliava o momento certo de formalizar a renúncia, que se concretizou no início da tarde deste domingo, 14.

Carla Zambelli (PL-SP) renunciou ao mandato de deputada federal Foto: Marcos Corrêa/PR

Carla Zambelli (PL-SP) renunciou ao mandato de deputada federal Foto: Marcos Corrêa/PR

Com a sequência de revezes judiciais, a vida em uma prisão na Itália e o risco de extradição ao Brasil, a estratégia de Zambelli, segundo aliados, foi a de aceitar a derrota e evitar a ampliação de danos.

O plano consiste em, a partir da renúncia, ganhar uma autorização para deixar a cadeia. O segundo passo da estratégia é, com a soltura, conseguir reverter o pedido de extradição ao Brasil.

O grupo dela avalia que o status de parlamentar que renunciou é diferente do de deputada cassada. A renúncia, somada ao fato de a Câmara ter rejeitado a cassação, reforçará o argumento da perseguição política.

Caso seja enviada de volta ao País, Zambelli deve cumprir pena na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia.

Segundo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), a renúncia não levou em conta cálculos sobre período em que ela ficará inelegível. Focou apenas em facilitar a defesa na Itália. Com a condenação a dez anos de prisão por um tribunal, ela já tem direitos políticos suspensos.

“Uma coisa é ela se defender na Itália como parlamentar cassada, outra é como quem renunciou e se mostra vítima de perseguição política”, comentou.

Prestes a assumir como líder da oposição na Câmara, o deputado Cabo Gilberto (PL-PB), afirmou que a renúncia é estritamente relacionada à defesa no país europeu.

“Estamos trabalhado duro pela não extradição dela. Se ela for, corre sérios riscos aqui”, disse. “Não estamos pensando em direitos políticos, estamos em regime de exceção.”

Carla Zambelli já sinalizou a aliados que nas próximas eleições deve lançar algum familiar ou outra pessoa de sua confiança na disputa por uma cadeira na Câmara. Os nomes da mãe dela e o de um de seus advogados já foram ventilados.

O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Zambelli a dez anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão cibernética ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) feita pelo hacker Walter Delgatti Neto. O caso dela transitou em julgado em junho, e no mês seguinte ela fugiu para a Itália.

Na madrugada de quinta-feira, 11, a Câmara rejeitou, em uma votação, a perda do mandato dela, contrariando a decisão do STF. No dia seguinte, a Corte anulou a votação pontuando que a perda do mandato está prevista na Constituição, nos casos de condenação criminal transitada em julgado.

Portanto, caberia a Hugo Motta se submeter à ordem e proceder à convocação do suplente de Zambelli. Antes disso, ela anunciou a renúncia e a assessoria da presidência da Casa comunicou a decisão.

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