15 de outubro de 2025

Nina Souza, Michelle Bolsonaro, Janja e as rádios de Natal

Autor: Daniel Menezes

As rádios de Natal passaram dias debatendo o decreto de Lula que oficializa o papel institucional da primeira dama Janja. Trata-se de mera regulamentação, dado que as primeiras damas, na prática, sempre fizeram uso do gabinete presidencial para realizar ações e transitar. É até difícil ouvir algo que não seja isso até o presente momento. Além do pânico moral antipetista sugado da bolsosfera, o assunto é hipertrofiado em termos locais porque o debate sobre Natal, que deveria ser a preocupação principal de veículos de Natal, está interditado. A capital sumiu do noticiário.

A falsa questão cabe ponderações. Primeiro, há um esquecimento seletivo de um tempo em que Michelle Bolsonaro destinava recursos públicos, em operação reprovada pelo TCU e em processo de investigação, a partir da presidência da república para ongs e seus programas sociais pessoais. Repito - continuo achando o assunto mera espuma, mas se é para clamar por uma primeira dama que não ultrapasse a condição de Amélia - algo que na prática nunca ocorreu -, por qual razão Michelle não é alcançada? Hoje, até salário recebe do PL e com grande estrutura de atuação, o que foi objeto de indignação recente de Eduardo Bolsonaro.

Segundo, o mais engraçado - no sentido da contradição - é que o pânico moral em torno do tema quando o alvo é a petista desaparece diante do poder bem heterodoxo que a primeira dama Nina Souza tem e exercita na gestão de Natal. Hoje, Nina estende as funções de primeira dama para ocupar o papel que deveria ser do líder do prefeito na câmara municipal do Natal, controla contratos a partir de parente na saúde e é espécie de faz tudo, uma "prefeita de fato" da cidade. Estou falando de informações públicas e de conhecimento de qualquer um que acompanha a política local. Ora, mas aí a preocupação com a institucionalidade do que uma primeira dama pode fazer evapora. E até festa pessoal com emenda parlamentar vira realização positiva.

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