ESCÂNDALO DO INSS - DOCUMENTOS - Como a CBPA de Abraão Lincoln ascendeu na gestão Bolsonaro e foi parada pelo governo Lula

Autor: Daniel Menezes

A análise do fechamento de acordo de cooperação entre a Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) presidida por Abraão Lincoln e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mostra que a oposição não terá vida fácil, se uma comissão parlamentar de inquérito vier a ser aprovada pelo congresso para investigar o roubo dos aposentados. Lincoln conseguiu a carta branca do INSS para agir e fazer descontos em 2022 se aproximando de liderados por pessoas próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

(Ainda que a CPI não seja instaurada, os órgãos policiais e administrativos de investigação e de controle vão alcançar quem tiver de pegar)

O presidente CBPA mantinha encontros tidos como geradores de conflito de interesse pela polícia federal, de acordo com reportagem da CNN, com Guilherme Gastaldello Pinheiro Serrano, que acendeu à presidência do INSS no fim da gestão do ministério da previdência de Onyx Lorenzoni, político da cozinha de Jair Bolsonaro. Lincoln e Saldanha assinaram o termo de cooperação em 3 de novembro de 2022 com vigência em 60 meses, conforme documento abaixo analisado pelo blog.

Conforme o portal Metrópoles, a entidade liderada pelo político cooptou diretores do INSS e pagou lobista.

A CBPA saiu de zero associados com desconto no INSS para 57,9 milhões em 2023, de acordo com a tabela 01 acima do estudo elaborado pela Controladoria Geral da União e acessado pelo blog. 

A situação despertou o interesse daCGU que, em 2024, entrevistou 32 aposentados em 8 estados (ver tabela 3) sobre os descontos feitos pela confederação. E pela amostra todos os débitos feitos em conta ocorreram ao arrepio da autorização dos segurados.

Veja, caro(a) leitor(a). A incursão alvo de suspeita começa em 2022, de acordo com as matérias citadas a partir de propina e atração ilegal de servidores públicos, e passa a ser investigada já em 2023. A oposição se aproveita do fato do escândalo ter estourado agora. Só que a explicitação de todos esses detalhes será interessante no sentido de desfazer a retórica enviesada bolsonarista. 

Lincoln está no colo, por exemplo, do bolsonarismo. Ascendeu no INSS, órgão da conta política do PL tanto que foi administrado por Rogério Marinho, Onyx Lorenzoni e outros, durante a gestão Bolsonaro. O bolsonarismo deve explicações a respeito dele.

O governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) foi responsável por pelo menos sete convênios que autorizaram entidades a fazer descontos irregulares de aposentados e pensionistas. As informações são de pesquisa feita no Diário Oficial da União pelo jornalista Fernando Molica, do site Correio da Manhã.

Em nota, a CBPA nega qualquer irregularidade

A CBPA é uma instituição com cinco anos de história. Congrega mais de um milhão de pescadores, filiados a 1.037 diferentes colônias, associações e sindicatos por todo o país, que por sua vez formam as 21 federações de pescadores a ela ligadas. Algumas dessas organizações são centenárias. Pescadores são pessoas humildes, de hábitos simples, que num primeiro momento reconhecem a filiação a entidade mais próxima, geralmente a sua colônia de pesca.

A despeito disso, a CBPA cumpre regularmente o papel de oferecer a seus associados que fazem a contribuição confederativa planos de benefícios — que incluem descontos de até 40% na compra de medicamentos e de outros itens de consumo, atendimento de telemedicina e auxílio-funeral no valor de R$ 5 mil.

A CBPA reitera seu total apoio às instituições de controle brasileiras, que buscam proteger os aposentados de práticas fraudulentas com as quais não compactua e as quais condena veementemente.

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