3 de novembro de 2025
Por que o governo do Distrito Federal não quer Bolsonaro na Papuda
Autor: Daniel Menezes
O governo do Distrito Federal tem atuado nos bastidores para convencer ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a não enviar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Complexo Penitenciário da Papuda, caso ele seja obrigado a cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão imposta pela Corte por articular uma tentativa de golpe de Estado e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A informação foi revelada pela colunista Malu Gaspar, do O Globo.
Os integrantes da cúpula do Palácio do Buriti vêm mantendo conversas reservadas com ministros do Supremo para expor preocupações quanto ao impacto político e de segurança que a presença do ex-presidente poderia causar no sistema prisional do DF. Um interlocutor do governador Ibaneis Rocha (MDB), aliado de Bolsonaro, afirmou que “um presidiário desses no sistema penitenciário é um problema”, alegando risco de rebeliões, instabilidade institucional e tensões políticas num momento em que o país “precisa de pacificação”.
O governo distrital também teme que a detenção de Bolsonaro em uma prisão comum gere repercussão internacional e possa ter consequências graves caso algo aconteça com o ex-presidente — a exemplo da morte de Cleriston Pereira da Cunha, preso por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro, que sofreu um mal súbito na Papuda em 2023. “O temor é que algo semelhante se repita, mas com um ex-presidente, o que teria uma repercussão devastadora”, afirmou uma fonte ao jornal.
A Papuda, maior complexo penitenciário de Brasília, já abrigou figuras políticas condenadas pelo STF, como José Dirceu e José Genoino, durante o processo do mensalão. Dirceu, em entrevista à BBC Brasil, chegou a afirmar que Bolsonaro “não tem condições de ir para uma prisão comum” e que, a exemplo do ex-presidente Fernando Collor, deveria cumprir pena em prisão domiciliar. Collor, condenado em 2023 a oito anos e dez meses por corrupção e lavagem de dinheiro, obteve o benefício por motivos de saúde — um precedente que a defesa de Bolsonaro deve usar no STF.
O governo do DF negou oficialmente qualquer articulação com o Supremo, afirmando apenas que “a informação não procede”. A Secretaria de Administração Penitenciária reforçou que segue rigorosamente as determinações judiciais e define a alocação de presos com base em critérios técnicos como idade, vulnerabilidade e condições específicas de cada caso.
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