6 de dezembro de 2025
Como o atraso no processo de cassação e inelegibilidade de Paulinho Freire e Álvaro Dias fortalece o projeto de Rogério Marinho para 2026
Autor: Daniel Menezes
O atraso no julgamento do processo que pede a cassação e a inelegibilidade de Paulinho Freire, Joana Guerra e Álvaro Dias não é apenas um detalhe burocrático: ele produz efeitos políticos diretos que beneficiam o projeto de poder de Rogério Marinho para 2026. Com a morosidade, os principais nomes do seu grupo seguem atuando plenamente, apesar das graves acusações levantadas pelo GAECO a partir da eleição de 2024.
No caso de Álvaro Dias, pré-candidato ao Senado na chapa de Marinho, o ganho é evidente. Até aliados consideram praticamente certa sua inelegibilidade quando o mérito for decidido, dada a extensão das denúncias. O adiamento mantém Álvaro habilitado a ocupar o espaço eleitoral estratégico que Marinho planeja para ele. Paulinho Freire também se beneficia: sem eventual condenação, continua exercendo pleno poder de articulação em Natal, mobilizando a base política e a estrutura local em favor da pré-candidatura de Rogério Marinho — algo que seria inviável caso seu julgamento já tivesse sido concluído.
Há ainda um impacto adicional raramente dito em voz alta: uma eventual condenação atinge a imagem do grupo de 2026. Rogério Marinho não é alvo do processo, mas seus dois principais aliados — Paulinho e Álvaro — são. Uma sentença às vésperas da eleição mancharia profundamente o palanque do pré-candidato ao governo, comprometendo a narrativa de força, estabilidade e capacidade de gestão que seu grupo tenta construir. A demora, portanto, não apenas preserva juridicamente seus quadros centrais, mas também protege simbolicamente o projeto eleitoral que eles representam.
Assim, enquanto o processo permanece suspenso e sob sigilo, o grupo de Marinho segue com suas peças mais importantes ativas e blindadas. A morosidade não é neutra: ela reorganiza o tabuleiro político em benefício direto de um projeto específico. E faz isso justamente quando a democracia exigiria celeridade, transparência e isonomia — não a manutenção artificial de um jogo em que uns permanecem livres para agir enquanto paira sobre eles um conjunto robusto de acusações que ainda aguarda julgamento.
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