Lula fala, de novo, contra o dólar antes de encontrar Trump

Autor: Daniel Menezes

Estadão - Comerciar com moedas nacionais — real e rúpia indonésia — foi uma inovação proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente indonésio, Prabowo Subianto, durante visita a Jacarta, capital do maior parceiro comercial do Brasil no sudeste da Ásia. O comércio entre os dois países chegou a US$ 6,3 bilhões no ano passado, com superávit brasileiro de US$ 2,6 bilhões.

Abandonar o dólar nas trocas entre países membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) tem sido uma proposta repetida, com insistência, pelo presidente brasileiro. Ele nunca explicou, no entanto, como se poderia substituir a moeda dos Estados Unidos na formação de reservas cambiais.

Lula e o presidente indonésio, Prabowo Subianto, durante visita a Jacarta Foto: Achmad Ibrahim/AP

Não se trata apenas de uma simples substituição. Falta saber se os países fora do grupo aceitariam outras moedas — e quais delas — no intercâmbio comercial com o Brasil e outros emergentes. Nem mesmo se explicou se o Brasil formará reservas com rúpia indonésia e se os indonésios aceitarão acumular reais para a mesma finalidade.

Talvez o yuan emitido pela China servisse a essa finalidade. Os chineses, pelo menos, provavelmente achariam boa essa ideia, embora eles mesmos acumulem grandes volumes de dólares como reservas cambiais.

O presidente brasileiro aproveitou a conversa com o presidente indonésio para criticar, mais uma vez, o predomínio da moeda americana, o dólar, nas trocas internacionais e na formação de reservas cambiais.

O comentário foi feito pouco antes de um novo encontro de Lula com o presidente americano, Donald Trump, previsto para domingo, em Kuala Lumpur, na Malásia, por ocasião da 47ª Cúpula de Líderes da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático). Não se informou se Lula se aconselhou com algum diplomata antes de suas declarações no encontro com o presidente Prabowo Subianto.

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