11 de julho de 2025
Seis meses ainda sem mostrar a que veio
Autor: Daniel Menezes
Por Brisa Bracchi,
vereadora de Natal e líder da oposição na Câmara Municipal
Escrevo estas linhas refletindo sobre os primeiros seis meses de Paulinho Freire à frente da Prefeitura — uma gestão que dá continuidade ao legado de Álvaro Dias — e a pergunta que fizemos nos primeiros 100 dias permanece atual: a que veio Paulinho Freire? Para seguir com o Mercado da Redinha e o Teatro Sandoval Wanderley fechados? Para ter um hospital municipal que ainda não atende à população? Para aumentar o próprio salário e se tornar o prefeito com a maior remuneração entre as capitais? Para flexibilizar leis ambientais e ameaçar as zonas de proteção ambiental? Veio, afinal, para dar sequência a uma administração que insiste na lógica das privatizações em vez de assumir, com responsabilidade, o papel que lhe cabe diante das necessidades da cidade?
E quando olhamos para a cidade neste período de chuvas, a pergunta se amplia: veio também para deixar Natal seguir alagando a cada vez que chove? Entra gestão, sai gestão, e permanece o medo do natalense, sobretudo de quem vive nas periferias, de ver sua casa invadida pela água e perder tudo mais uma vez. São histórias que se repetem há anos e, infelizmente, nesses primeiros seis meses da nova administração, não tem sido diferente. Basta olhar ao redor: as mesmas lagoas continuam transbordando, os mesmos cruzamentos e ruas tornam-se intransitáveis com poucos minutos de chuva.
E é de se lamentar que a atual gestão não pareça interessada em resolver esse problema histórico da nossa capital, como ficou evidenciado no episódio em que a Prefeitura dormiu no ponto (ou simplesmente não se empenhou) e não foi atrás de cadastrar os projetos de drenagem para recursos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A gestão de Paulinho limitou-se a reenviar ao Governo Federal os documentos referentes às obras da avenida Jerônimo Câmara e do túnel de macrodrenagem, obras que Álvaro Dias garantia ter recursos e prometeu entregar ainda em sua administração. Pior que isso: tentou transferir a responsabilidade para a gestão da governadora Fátima Bezerra, para depois recuar e pedir ajuda ao Governo do Estado.
A situação evidencia a falta de projetos e de ações da gestão de Paulinho Freire, que se repete em diversas áreas, como já foi destacado no nosso artigo sobre os 100 primeiros dias da administração. Em junho, a engorda da Praia de Ponta Negra ficou alagada, mais uma vez teve parte da areia levada pelas chuvas e agora a Prefeitura anuncia que vai fazer novos estudos para um projeto de drenagem da área. Na saúde, as UPAs seguem superlotadas e não há nenhuma sinalização de quando o novo Hospital Municipal, “inaugurado” em dezembro do ano passado por Álvaro Dias, estará pronto de verdade e de portas abertas para a população.
Mais recentemente, enfrentamos a aprovação de um Projeto de Lei que ameaça diretamente a integridade das Zonas de Proteção Ambiental da cidade, representando um retrocesso de anos na legislação ambiental. Uma tragédia anunciada de proporções semelhantes à da engorda de Ponta Negra. Soma-se a isso a situação do Centro Municipal de Saúde LGBT, uma conquista pioneira entre as câmaras municipais do Brasil, liderada por nosso mandato na legislatura passada, que hoje se encontra praticamente de portas fechadas, com estrutura precária e quadro de funcionários reduzido ao mínimo.
A lista de problemas segue: o Mercado da Redinha continua fechado, impedindo os trabalhadores do bairro de garantir seu sustento; a requalificação da rua João Pessoa, no Centro, não tem previsão de conclusão; e os artistas locais continuam com pagamentos atrasados desde a gestão de Álvaro Dias.
Reafirmo, na condição de líder da oposição na Câmara Municipal de Natal, o nosso compromisso com uma atuação responsável, propositiva e aberta ao diálogo sempre que necessário, como já demonstramos em diversas conversas com auxiliares e secretários ao longo desses seis meses. Mas é preciso deixar claro que trata-se de uma oposição que não se intimida nem se calará diante dos mandos e desmandos dessa gestão autoritária. Seguiremos firmes na denúncia de todos os erros e retrocessos, enfrentando as narrativas enganosas propagadas pela Prefeitura.
Natal precisa, com urgência, de uma gestão comprometida com a cidade, com um prefeito presente e atuante, que assuma de forma séria os problemas enfrentados pela população, com planejamento eficiente e ações concretas. Postura que, passados esses seis meses, segue inexistente.
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