16 de setembro de 2025
Bolsonaro implorou para Moraes liberar visita de Tarcísio mesmo após morte de ex-delegado
Autor: Daniel Menezes
Enquanto a população de São Paulo vivia a comoção e o medo com o assassinato cruel de Ruy Ferraz Pontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil do Estado, por membros do Primeiro Comando da Capital, o PCC, a defesa de Jair Bolsonaro (PL) entrou com um pedido junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) implorando para que o ministro Alexandre de Moraes liberasse para esta terça-feira (16) a visita do governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).
Segundo informações divulgadas pelo jornal Valor Econômico, advogados do ex-presidente entraram com o pedido na noite desta segunda-feira (15) após Moraes liberar a visita de Tarcísio apenas para o dia 29 de setembro.
Na representação, a defesa de Bolsonaro pedia para que o ministro trocasse a visita do senador Carlos Portinho (PL-RJ), marcada esta terça, com a de Tarcísio para “atender à agenda do Governador do Estado de São Paulo que estará na cidade de Brasília, otimizando, assim, o tempo daquela Autoridade Pública”.
No entanto, a agenda oficial de Tarcísio não fazia qualquer menção sobre compromissos na capital federal. Nesta segunda-feira, a agenda previa apenas "despachos internos" a partir das 14h. Na terça-feira, o primeiro compromisso oficial do governador paulista é às 14h, quando receberá uma visita da "Corte da Orquídea" no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista.
Bolsonaro implorou para Moraes liberar visita de Tarcísio mesmo após morte de ex-delegado
Bolsonaro implorou para Moraes liberar visita de Tarcísio mesmo após morte de ex-delegado
Aliados do próprio governador confirmaram ao jornal que Tarcísio abandonaria o Estado sob ataque do PCC para tratar do projeto de Anistia diretamente com Bolsonaro, em Brasília.
Principal aposta da terceira via como candidato "anti-Lula", Tarcísio pressiona o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para colocar o tema em pauta com dois propósitos: impedir a prisão de Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe, e assim evitar perguntas indigestas sobre o indulto ao ex-presidente golpista durante a campanha eleitoral de 2026.
Jantar na XP
Mesmo após a notícia do assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Fontes, o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, decidiu manter a participação em um jantar com empresários em São Paulo, na noite desta segunda-feira (15).
O encontro ocorreu na residência de Rafael Furlanetti, diretor de Relações Institucionais da XP, e reuniu cerca de dez empresários de diferentes setores, segundo informações do Painel, da Folha. O foco do evento foi a discussão da PEC da Segurança Pública, proposta pelo governo federal, e contou ainda com a presença do deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE), relator da medida na Câmara, além do ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PSD).
Derrite chegou por volta das 20h, quando a execução de Fontes já repercutia amplamente. De acordo com relatos, o secretário se retirou da mesa algumas vezes para atender telefonemas, mas não compartilhou informações sobre o crime com os demais convidados. Preferiu concentrar suas falas na proposta em debate e em questões gerais da área de segurança. Ele deixou o local cerca de duas horas depois.
Sindicato detona governo Tarcísio
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) fez duras críticas ao governo de São Paulo, comandado por Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), em nota oficial sobre o assassinato Ruy Ferraz Pontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo.
"A ação que resultou na execução de Ruy Ferraz Fontes, o qual, há poucos anos, ocupou o cargo de comando máximo da Polícia Civil bandeirante, escancara a forma como o Governo do Estado de São Paulo cuida de seus policiais mais dedicados, ao mesmo tempo em que torna gritante a necessidade de a Polícia Civil ser melhor tratada, com efetiva valorização de seus profissionais, mais contratações e aumento nos investimentos em estrutura física e de materiais", diz trecho da nota.
"É, afinal, a Polícia Civil a responsável pela investigação das organizações criminosas. Por consequência, se o Governo do Estado permite que a instituição se enfraqueça, como São Paulo tem feito nas últimas décadas, o crime organizado, inevitavelmente, ganhará espaço", prossegue o sindicato.
"Para o Sindpesp, o homicídio do ex-delegado-geral, da forma como ocorreu, revela-se uma grande afronta às Forças de Segurança, à máquina pública e ao Estado de São Paulo, não podendo ficar de maneira alguma impune, sob pena de que todo o sistema de Segurança Pública caia em descrédito", emenda a entidade.
Entenda o crime
Um crime de grande repercussão chocou a população de Praia Grande, no início da noite desta segunda-feira (15). Vítima de um atentado, Ruy Ferraz Pontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo e, atualmente, secretário de Administração da cidade do litoral paulista, foi executado a tiros enquanto dirigia. A suspeita inicial recai sobre integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A Polícia Militar (PM) informou que homens que estavam em outro veículo, uma caminhonete Toyota Hilux preta, atiraram contra o automóvel da vítima.
O caso ocorreu na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, por volta das 18h21, no bairro Nova Mirim, perto do Fórum. Ainda segundo a PM, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e constatou a morte.
Informações iniciais apontam que Ruy perdeu o controle do veículo depois de ser baleado, o carro capotou e colidiu contra um ônibus.
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