5 de agosto de 2025
Sicofantas e barões nas terras de Poti
Autor: Daniel Menezes
Por Lucas Arieh Medina - Advogado, mestre em direito pela USP
Parafraseando o senador estadunidense Hiram Johnson, a primeira vítima do banditismo político é a verdade.
Não é de hoje que a comunicação política – seja ela a oficial ou a informal – dá à luz a mentiras das mais torpes.
Na Natal dos últimos anos, essa máxima tem alcançado níveis inauditos. Há uma percepção em uníssono que, embora calada, paira sobre a cidade: certos grupos e seus aparelhos midiáticos destruíram qualquer verniz de jornalismo na cidade e constroem um pretenso noticiário, faccioso e falacioso, visando apenas à defesa de sua intocável posição de (imerecido) privilégio, esta derivada dos mais diversos joguetes a serviço das relações de poder e capital.
Qualquer ação que ouse pôr em xeque essa desconfortante verdade ou que, menos ainda, esteja no caminho desses interesses serve para eles como passe livre para todo tipo de crime contra a reputação dos "inimigos" desse neobaronato potiguar que bem sabe a importância de controlar não só o poder econômico, mas também o poder político.
Quer pagando com o bolso, quer pagando com a honra – não resta quem passe sem ser punido por esses grupos poderosos.
Se é verdade que as mídias tradicionais conseguiam posar como neutras política e economicamente noutros tempos, por uma confluência entre a exigência de um jornalismo minimamente sério e a defesa mais sutil dos interesses do dono, hoje, contudo, tamanho o acirramento das contradições sociais, parte expressiva do ecossistema midiático local parece ter regressado ao que há de pior na Grécia Antiga, desfazendo-se até mesmo da postiça neutralidade perante a opinião pública. A tônica, agora, é a de guerra aberta, sem cerimônia, contra os desafiantes dessa ordem e dos esquemas que a estruturam. Ou bem se enquadram, ou bem os afagam financeiramente. Não há escapatória ao divergente na esfera pública, inteiramente colonizada por esses interesses dominantes.
Naqueles tempos, conta Andócides, surgiu a figura dos sicofantas. Relata-se que estas pessoas viviam de procurar formas de difamar outras, buscando com isso tirar um cascalho. O tipo era considerado infame e exercia “uma profissão vergonhosa” perante a sociedade.
Trata-se de um grande problema político, o de cuidar para que o poder econômico não se arvore completamente dos meios de difusão das ideias. Algo que merece as mais profundas análises e consequências.
Enquanto isso durar, contudo, os sicofantas a serviço do neobaronato potiguar seguirão com seus canhões de esterco abastecidos e engatilhados contra inimigos e adversários, cientes e ciosos da lição do ministro nazista da propaganda, Joseph Goebbels, quem os ensinou o poder da mentira. Ainda é pouco, mas desmascará-los de forma consistente e corajosa pode pavimentar um bom caminho para iniciar o desmonte dessa pesada máquina que cheira, e forte, a enxofre.
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