23 de dezembro de 2025
Venezuela acusa EUA de 'extorsão' na ONU; Rússia e China apoiam e criticam 'intimidação' e 'comportamento de caubói'
Autor: Daniel Menezes
G1 - A Venezuela acusou os Estados Unidos de estar submetendo o país à "maior extorsão" de sua história, em declaração dada na ONU nesta terça-feira (23).
A fala foi do embaixador do governo de Nicolás Maduro nas Nações Unidas, Samuel Moncada, que apresentou as queixas do país em relação à pressão exercida pelo governo americano ao Conselho de Segurança, que se reuniu para debater o tema.
"Estamos diante de uma potência que atua à margem do direito internacional, exigindo que nós venezuelanos abandonemos nosso país e o entreguemos [...] Trata-se da maior extorsão de que se tem notícia em nossa história", afirmou.
A Venezuela anunciou que iria apresentar uma denúncia formal à ONU no sábado (20), depois que os EUA interceptaram o segundo navio com petróleo venezuelano no Mar do Caribe.
O governo de Nicolás Maduro descreveu a ação como um grave ato de pirataria internacional e garantiu em um comunicado: "Esses atos não ficarão impunes".
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Samuel Reinaldo Moncada Acosta, representante permanente da Venezuela junto às Nações Unidas — Foto: REUTERS/Eduardo Munoz
Na reunião do conselho nesta terça, Rússia e China, que vem demonstrando apoio constante a Maduro em meio à pressão americana, reafirmaram suas críticas a Washington.
"A China se opõe a todos os atos de unilateralismo e intimidação, e apoia todos os países na defesa da sua soberania e da dignidade nacional", declarou o representante chinês, Sun Lei.
O governo russo, que há uma semana afirmou que as "tensões na Venezuela podem ter consequências imprevisíveis para o Ocidente", descreveu a pressão feita pelo governo Trump como "comportamento de caubói".
"Os atos cometidos pelos Estados Unidos violam todas as normas fundamentais do direito internacional. A responsabilidade de Washington também se evidencia nas consequências catastróficas dessa atitude de caubói", apontou o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, que descreveu o bloqueio como "uma agressão flagrante".
EUA falou em sanções para tirar Maduro do poder
Os Estados Unidos informaram ao Conselho de Segurança da ONU, nesta terça-feira , que imporão e farão cumprir sanções contra a Venezuela e seu presidente, Nicolás Maduro, na máxima extensão permitida.
Segundo o embaixador dos EUA nas Nações Unidas, Mike Waltz, o objetivo de Washington é privar o governo venezuelano de recursos financeiros, vindos do lucro do petróleo, que estariam permitindo que Maduro siga em sua "apropriação fraudulenta do poder e suas atividades narcoterrorismo".
“A capacidade de Maduro de vender o petróleo da Venezuela permite sua reivindicação fraudulenta de poder e suas atividades narcoterroristas. O povo da Venezuela, francamente, merece algo melhor, afirmou.
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O embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Mike Waltz — Foto: REUTERS/Eduardo Munoz
Nicolás Maduro é acusado pelos EUA de ser o líder do Cartel de los Soles, descrito como um grupo ligado ao tráfico de drogas, e oferece uma recompensa de US$ 50 milhões - o equivalente a R$ 277 milhões - por informações que levem à sua captura.
A sessão do Conselho de Segurança desta terça tinha como objetivo debater as queixas feitas pela Venezuela à ONU sobre os ataques que os EUA vêm realizando no Caribe, além do cerco ao país anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem levado à apreensão de petroleiros.
Parlamentares da Venezuela aprovaram lei contra ações dos EUA
A Venezuela aprovou nesta terça-feira (23) uma lei que prevê penas de prisão de até 20 anos para quem promover ou financiar o que descreve como pirataria ou bloqueios.
A proposta, nomeada como projeto "Para Garantir a Liberdade de Navegação e Comércio contra a Pirataria, Bloqueios e Outros Atos Ilícitos Internacionais", foi votada na Assembleia Nacional da Venezuela, controlada pelo partido do governo Nicolás Maduro, e aprovada por unanimidade.
Agora, ela será encaminhada ao Executivo para aprovação e entrará em vigor assim que for publicada no Diário Oficial.
A lei, que inclui "outros crimes internacionais", surge em meio às operações realizadas pelos Estados Unidos contra carregamentos de petróleo venezuelano.
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