4 de agosto de 2025
Ao se solidarizar com Carla Zambelli e Marcos do Val, Rogério Marinho mostra que virou um hater com mandato sem conexão com o RN
Autor: Daniel Menezes
Há um erro de avaliação quando se pensa que o extremismo vem acompanhado de gritaria e agressividade. Nem sempre. A história está repleta de pessoas radicais, algumas das quais autoras de muitos crimes que, no trato pessoal, eram educadas e até afáveis.
AS FAKES NEWS E AS AGRESSÕES ÀS INSTITUIÇÕES
O senador pelo RN Rogério Marinho vem combinando uma fala baixa e tranquila com posições que andam de mãos dadas com a relativização de crimes. Em uma entrevista recém concedida à rádio 96, aonde sempre se faz quase que semanalmente presente, disparou uma metralhadora de fake news, comparações descabidas e normalização da tentativa de golpe de Jair Bolsonaro. É o seu normal desde que descambou para o extremismo.
Segundo Marinho, o Brasil vive uma ditadura e o Supremo Tribunal Federal persegue a direita. O seu discurso é forte. Já a preocupação de conectar a fala com fatos nem tanto. Marinho, por exemplo, oculta que foi salvo contra uma decisão colegiada do Supremo Tribunal de Justiça no enquadramento por funcionários fantasmas na câmara municipal do Natal quando foi presidente da casa justamente pelo STF. Do contrário, nem candidato teria sido em 2022. O mesmo ocorreu com Flávio Bolsonaro no flagrante das rachadinhas. O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, recebeu indulto e hoje atua com liberdade plena. De quem? Do STF. E quem foi que engavetou o atraso da compra das vacinas durante a pandemia por Jair Bolsonaro, o que levou milhares ao caixão? O STF. De fato, é uma perseguição implacável (contém ironia).
Na verdade, basta abrir as redes sociais de Rogério Marinho para ver que ele segue lá constantemente atacando magistrados e tribunais sem ser incomodado. Neste fim de semana, ele e/ou seus aliados atacaram ministros, defenderam intervenção dos EUA no Brasil e gritram fora Lula. Que ditadura, heim.
A RELATIVIZAÇÃO DE CRIMES
Hoje (4), Marinho emitiu uma nota alegando que há abuso em por tornozeleira eletrônica no senador Marcos do Val, aquele que fomentava golpe e ameaçava juízes para todos ouvirem. Imagine, caro leitor, você é uma pessoa comum e tem uma medida cautelar contrária que lhe impede sair do país. Isto já foi estabelecido para você não ser preso, a consequência lógica para qualquer um que ficasse ameaçando um ministro de uma suprema corte a plenos pulmões.
Aí você sai do país e ainda desafia a justiça pelas redes sociais. Você tem alguma dúvida de que seria preso ao voltar? Na verdade, o bolsonarismo tem conseguido esgarçar a lei porque no caso do Marcos do Val saiu barato. Mas para Rogério Marinho foi um abuso.
Deixo aqui o espaço aberto para ele falar o que deveria ser feito com alguém que ameaça um magistrado e incita tentativas de golpe, como Marcos do Val.
Também está dada a possibilidade dele explicar que tipo de condenação deve ser dada a Carla Zambelli, que tentou - apenas - fraudar uma sentença do STF buscando hackear o sistema do Conselho Nacional de Justiça. Porque, caros leitores, qualquer um de nós seria preso e por longo período. Mas para Rogério Marinho a decretação da prisão de Zambelli representa "um capítulo do uso político da Justiça para silenciar vozes da oposição ao governo do PT”.
E O RN?
A fala sempre empolada com terminologia pouco usual, para gerar ar de intelectualidade, entretanto tem pouco a dizer a respeito do Rio Grande do Norte. Na presente situação sobre o tarifaço de Donald Trump contra o Brasil, por exemplo, foi um dos membros da bancada federal que se omitiu diante do problema que impacta também o Rio Grande do Norte. E entre o RN e Eduardo Bolsonaro, colocou seu mandato para defender o filho do mito, que vem cometendo crimes à luz do dia e com gravação comprovada nas redes sociais - traição à pátria, defesa dos interesses de Trump, a quem chama de chefe, ameaças contra ministros do supremo e das casas legislativas fazem parte do seu cardápio.
O senador Rogério Marinho se transformou numa espécie de Sargento Gonçalves, só que com linguagem menos coloquial. Em prática objetiva, um hater de internet, que parece esquecer que é senador do Rio GRande do Norte e que, por isso, vive à serviço dos Bolsonaro, guerreiros apenas do grupo intra-familiar. Isto não é conservadorismo. Tem outro nome. E para não me igualar ao bolsonarismo deixo aqui aberto à imaginação de vocês.
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