15 de dezembro de 2025
O Rio Grande do Norte não precisa de soluções fáceis: precisa de escuta e responsabilidade
Autor: Daniel Menezes
Por Tiago Medeiros
Administrador e Sociólogo
À medida que o calendário eleitoral de 2026 se aproxima, o Rio Grande do Norte volta a assistir a um roteiro já conhecido. Surgem algumas pré-candidaturas ao Governo do Estado ancoradas em discursos simplistas, embalados por frases de efeito e velhas teses prontas. Entre elas, a mais recorrente: a ideia do “Estado mínimo”, apresentada como solução mágica para problemas históricos e complexos.
Nesse discurso, o enredo também é previsível. O Estado é sempre o vilão, os servidores públicos são tratados como peso morto, e a conta do ajuste recai justamente sobre quem já enfrenta bastante dificuldade e que de 4 em 4 anos vira "vítima eleitoral". É uma narrativa confortável para quem nunca precisou lidar com a realidade da gestão pública, mas profundamente irresponsável para quem conhece a estrutura social e econômica do RN. O Estado pode ser empreendedor, e também com uma gestão eficiente parte dos problemas pode ser solucionados, ao invés de atitudes críticas.
O Rio Grande do Norte não precisa de atalhos retóricos. Precisa, antes de tudo, de escuta. Colocar o ouvido no chão, entender as dores reais da população, reconhecer as desigualdades regionais, a dependência de serviços públicos essenciais e o papel estratégico do Estado em um território marcado por limitações históricas de infraestrutura e renda.
Causa especial preocupação o ressurgimento de propostas como a federalização da UERN, levantada por setores da oposição e por velhos inimigos do serviço público. A tese parte de uma visão reducionista, que desconsidera o valor do ensino superior estadual e o capital intelectual construído ao longo de décadas. A UERN não é apenas uma universidade: é um instrumento de transformação social, responsável por mudar a vida de milhares de famílias potiguares, sobretudo no interior do estado.
A crítica ignora, inclusive, a realidade de outros estados brasileiros. São Paulo mantém a USP, a Unesp e a Unicamp. O Paraná tem UEL, UEM, UEPG, Unioeste, entre outras. Bahia, Ceará, Pernambuco e Minas Gerais também possuem universidades estaduais fortes, reconhecidas nacionalmente. Por que, então, o Rio Grande do Norte não poderia sustentar e valorizar a sua?
Atacar a UERN, assim como atacar o Estado de forma genérica, não é solução, é estratégia de mobilização eleitoral. Serve para criar inimigos fáceis, levantar bandeiras e manipular uma parcela do eleitorado que aplaude qualquer proposta que prometa “enxugar” o setor público, sem perceber que, nesse processo, está ajudando a desmontar políticas que sustentam sua própria sobrevivência.
Mais uma vez, conquistas importantes entram na mira, enquanto velhos adversários são reciclados para alimentar discursos rasos. O problema é que, ao atacar o Estado sem critério, planta-se também a própria fragilidade social. O Rio Grande do Norte não precisa de salvadores da pátria. Precisa de líderes que compreendam sua complexidade e tenham coragem de governar com responsabilidade e não com slogans.
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