15 de dezembro de 2025
Câmara de Natal discute "relevância dos clubes de tiro", que cresceram sob Bolsonaro
Autor: Daniel Menezes
DO SAIBA MAIS - A Câmara Municipal de Natal foi palco, na última sexta-feira (12), de uma audiência pública para debater a “relevância dos clubes de tiro e CAC” na sociedade. Os CACs são os colecionadores, atiradores desportivos e caçadores, que tiveram o acesso a armas e munições restringido no governo Lula — da mesma forma, os CACs também cresceram sob o governo Bolsonaro e caíram com Lula. Os participantes afirmaram que a atividade é legítima e reivindicaram o direito à autodefesa; um outro chegou a defender o funcionamento desses estabelecimentos perto de escolas.
A atividade na Casa foi promovida pelo vereador Subtenente Eliabe (PL) e contou com a participação de outros nomes proeminentes da direita potiguar, como o deputado estadual Coronel Azevedo (PL) e o deputado federal Sargento Gonçalves (PL). De acordo com Subtenente Eliabe, existem seis clubes de tiro em Natal e mais seis na região metropolitana. Não há um panorama nacional atualizado; em 2022, o Rio Grande do Norte era o Estado do Nordeste que concentrava o maior número de clubes de tiro em relação à população. Pelo dados do Exército, responsável pela concessão de licenças e fiscalização desses estabelecimentos, àquela época o RN possuía 36 clubes, o que representa 10,1 clubes de tiro para cada 1 milhão de habitantes – a maior proporção entre todos os estados do Nordeste e a 11ª maior do País.
Walker Werkhauser, embaixador da Taurus, refutou as acusações de que eles seriam criminosos e disse que o debate não se tratava sobre armas, mas liberdade. “Hoje, tentam nos tirar o direito a praticar um esporte, a portar ou a conduzir uma arma de fogo e amanhã vai ser o quê? Nosso direito à propriedade, da nossa residência, do nosso carro, o que é que vai ser? Então, não é sobre armas, é sobre liberdade”, disse.
Clubes de tiro próximos de escola
Keyson Lima, proprietário do clube de tiro Ironside, defendeu que os clubes de tiro devem funcionar perto de escolas, embora tenha se baseado no decreto anterior do governo Lula. Em 2023, o governo proibiu o funcionamento de clubes de tiro a menos de um quilômetro de instituições de ensino. Em 31 de dezembro de 2024, contudo, o governo recuou e permitiu o funcionamento nesse raio de distância, desde que respeitados limites de horário: das 18h às 22h em dias úteis e das 6h às 22h aos finais de semana e feriados.
“Ao contrário do que a legislação atual exige, que os clubes de tiros funcionem a 1 km de escolas, deveria ser o contrário, deveria ser que próximo de cada escola tivesse um clube de tiro, que assim ficaria muito mais seguro”, defendeu. Ainda segundo o empresário, o país vive uma “guerra cultural” que precisa ser travada. “Hoje a gente vive uma guerra cultural, uma guerra ideológica, uma guerra espiritual e a gente tem que travar essa batalha todos os dias, porque senão o nosso país vai ser dominado e não vai ter condições mais de resgatar a nossa liberdade e nossos direitos”.
Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (15) pela Polícia Federal, o Brasil tem 1.022.021 certificados de registro ativos de CACs, que somam 1,58 milhão de armas registradas. Houve uma queda de cerca de 80% no número de pedidos de registros de armas no país no último triênio (2023 a 2025), em comparação com os três anos anteriores (2020 a 2022). Em junho deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) validou dois decretos do presidente Lula que restringiram o acesso a armas e munições.
“Preconceito”
As críticas à burocracia para o acesso a armas e ao “preconceito” envolto no tema também estiveram presentes. “A atividade é estigmatizada, é tratada como um tabu e nós estamos aqui para ajudar os diretores de clube nesse sentido e com os deputados e o vereador ajudar a fomentar o esporte e a tirar essa pecha de que é uma atividade que prejudica o cidadão, prejudica a segurança pública”, disse Pedro Gomes, presidente do movimento Pró-Armas no Rio Grande do Norte e representante do CAT (Clube Aspoferniano de Tiro).
Segundo Sargento Gonçalves, “a sociedade passa por uma deturpação e muito preconceito em relação aos clubes de tiro e aos CACs.” “Nosso movimento não é sobre a arma, é sobre liberdade. A cultura armamentista é uma cultura muito séria, uma cultura segura, uma disciplina de fato. Quem conhece, quem visita o clube de tiro sabe da disciplina que existe dentre esses clubes, inclusive do incentivo ao esporte do tiro esportivo. Então, isso faz parte da história, da cultura do esporte brasileiro, e por isso a importância de orientar, de trazer essa informação ao público, ao povo Natal”, declarou o parlamentar federal.
Keyson Lima, da Ironside, também reclamou da burocracia. “O desafio está na necessidade de renovar toda a documentação em um curto período de tempo, cada vez que você solicita alguma coisa. Por exemplo, eu tenho uma guia de transporte da minha arma da minha residência para o meu clube. Ela vence de seis em seis meses. Antes era a cada dez anos, depois caiu para três, agora a cada seis meses, e tudo isso tem um custo financeiro. Fora isso, o clube também tem suas obrigações. Hoje você tem que ter controle de biometria, controle de sócios, controle de câmeras, tem que manter toda a instalação segura e tudo isso eleva bastante o custo da atividade no nosso país. Mesmo assim, o clube é acessível para todos aqueles que passam pelos trâmites tanto da Polícia Federal quanto do exércíto”, informou o empresário.
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