13 de dezembro de 2025
Urnas fraudadas, socorro militar, cloroquina, Magnitsky: qual será a próxima teoria conspiratória que fará o bolsonarismo esperar mais 72 horas?
Autor: Daniel Menezes
O bolsonarismo vive de expectativas fabricadas. Sempre há uma revelação iminente, um prazo curto, um desfecho milagroso que dispensaria política, provas ou realidade. A cada ciclo, muda o enredo; o método é o mesmo: convocar a base a “aguentar firme” por mais 72 horas. E, quando nada acontece, empurrar a frustração para a próxima promessa.
Foi assim com as urnas eletrônicas, que seriam “finalmente desmascaradas” como fraudadas. Depois, com o suposto socorro militar golpista, vendido como inevitável até o último minuto — e que terminou em abandono, prisões e silêncio dos líderes. Antes disso, houve a cloroquina, apresentada como cura salvadora que provaria que Bolsonaro estava certo e o mundo inteiro errado. Em todas essas histórias, o resultado foi idêntico: nenhuma prova, nenhum desfecho, nenhuma autocrítica. Apenas a base esperando em vão.
A última fantasia atende pelo nome de Lei Magnitsky. Nas correntes bolsonaristas, ela apareceu como arma mágica que levaria à punição de Alexandre de Moraes, à libertação de Bolsonaro e ao constrangimento de Lula. Após a alegria inicial, com direito a Eduardo Bolsonaro cantar de galo contra Lula e o Brasil, a Lei Magnitsky foi retirada das costas de Moraes por Donald Trump sem maiores explicações, deixando os bolsonaristas chupando o dedo. Lula se recuperou nas pesquisas e o ex-presidente dorme na polícia federal já na condição de condenado. As 72 horas não se completaram.
O padrão é claro: teorias conspiratórias não são erros de cálculo, mas instrumentos de controle político. Elas mantêm a militância mobilizada pela espera, não pela ação; pela fé, não pelos fatos. A cada nova promessa, os líderes ganham tempo, desviam o foco e empurram a base para mais uma frustração programada.
Diante desse histórico, a pergunta inevitável é: qual será a próxima teoria conspiratória que fará o bolsonarismo esperar mais 72 horas? Um novo “relatório definitivo”? Uma decisão estrangeira milagrosa? Um general anônimo? O tempo passa, as promessas falham, e a espera continua — sempre em benefício de quem nunca espera junto.
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