4 de dezembro de 2025
A QUEM INTERESSA O SIGILO? Se Paulinho Freire fala em “informações infundadas”, por que mantém o processo trancado a sete chaves?
Autor: Daniel Menezes
A nota divulgada por Paulinho Freire nesta quinta-feira, acusando setores da imprensa de promover “distorções” sobre a decisão unânime do TRE/RN que rejeitou a tentativa de invalidar as provas do GAECO a respeito do abuso de poder praticado na eleição de Natal em 2024, levanta uma pergunta simples e inevitável: qual é exatamente a mentira? O que, entre tudo o que foi publicado, seria “infundado”? Até agora, nenhuma linha da nota esclarece o que seria falso.
Os fatos são cristalinos: membros do grupo político de Paulinho Freire — vereadores, ex-gestores e aliados diretos — foram os autores do recurso que buscava apagar as provas colhidas na investigação de abuso de poder nas eleições de 2024. É óbvio que, se esses acusados conseguissem anular as evidências, Paulinho, Joana Guerra e o ex-prefeito Álvaro Dias seriam diretamente beneficiados. Fingir que o recurso não tem relação com o núcleo político do ex-presidente da Câmara é subestimar a inteligência do público. A articulação é evidente. A tentativa de anular as provas, também.
Se há, como afirma Paulinho, “informações distorcidas”, por que o processo segue protegido por um escandaloso sigilo judicial, mantido justamente a pedido da defesa dos acusados? No direito eleitoral, alegar “direito à intimidade” como fazem os denunciados é um contrassenso: nenhum prefeito cassado no RN — absolutamente nenhum — teve sigilo processual. Todos foram julgados de portas abertas, sob escrutínio da opinião pública. Por que apenas Paulinho Freire teria direito a um tratamento especial?
Mais. Se existe alguma inverdade prejudicando seu nome, há um caminho simples, coerente e republicano: peça o fim do sigilo. Deixe o processo vir à luz. Permita que a sociedade veja as provas, os votos, as movimentações, e decida quem distorce o quê. Mas pedir sigilo ao mesmo tempo em que acusa a imprensa de desinformação é uma contradição que fala por si.
O que se vê, no fundo, é uma tentativa de plantar cortina de fumaça para enfraquecer as reportagens feitas por blogs e veículos independentes — justamente os que têm conseguido furar o bloqueio político e midiático e expor os bastidores do caso. O discurso de Paulinho, quando confrontado com a prática, revela mais do que pretende esconder: não há informação infundada nenhuma. Há apenas medo de transparência.
E quem teme a transparência, em geral, não o faz sem motivo.
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