25 de novembro de 2025
QUER MANDAR DA CADEIA: Bolsonaro está ‘indignado’ e pediu que intercedam com Motta e Alcolumbre por anistia, diz Flávio
Autor: Daniel Menezes
Do Estadão - BRASÍLIA – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta terça-feira, 25, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está “indignado” com o cumprimento da prisão preventiva e que pediu a ele que conversasse com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para que pautem o projeto de anistia aos presos por envolvimento em atos golpistas.
“Ele pediu que a gente conversasse com o presidente Hugo Motta e o presidente Davi Alcolumbre o que nós pedimos a eles, inclusive por ocasião da eleição deles à presidências das respectivas Casas, que era a colocação em pauta do projeto de anistia”, afirmou.
Flávio Bolsonaro visitou o pai na Superintendência da PF em Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão
Ainda segundo Flávio, o pai sofreu com nova crise de soluços e foi atendido por policiais federais. O senador relatou que o ex-presidente está emocionalmente abalado, o que intensificaria as crises. “Ele começa a ter crises de soluços e ela (Michelle) é quem acorda ele, vê se está tudo bem, coloca ele para dormir na inclinação exata, e aqui não tem ninguém para fazer isso por ele. Óbvio que ele tinha que estar em casa”, disse.
O senador afirmou ainda que a visita foi “dura” diante das circunstâncias. Questionado se houve conversas sobre a possibilidade de ele assumir o espólio político do pai e ser candidato a presidente no ano que vem, Flávio disse que sempre conversa sobre este assunto com Bolsonaro, mas que o ex-presidente tem dito que “não é o momento de discutir a sucessão dele” como líder da extrema direita.
Flávio também disse desconhecer a estratégia jurídica no Supremo Tribunal Federal (STF), porém avaliou que a defesa do ex-presidente deve apresentar os embargos infringentes na tentativa de levar o caso ao plenário da Corte. Segundo o senador, não teriam ocorrido conversas sobre a possibilidade de Bolsonaro ser transferido para o 19.º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, também conhecido como Papudinha, para iniciar o cumprimento da pena.
Nesta manhã, Bolsonaro também recebeu a visita de outro filho, o vereador do Rio, Carlos Bolsonaro (PL). Ele deixou o local da visita cerca de 50 minutos após o irmão Flávio. Carlos afirmou que o pai chorou ao conversar com ele e que está “psicologicamente devastado”.
“Ele chorou porque acredita que é uma injustiça gigantesca”, afirmou.
Ainda de acordo com Carlos, o ex-presidente tem comido pouco desde que foi preso por causa do abalo emocional e repetiu a afirmação do irmão de que houve crises de soluço nesta segunda-feira, 24.
Carlos Bolsonaro visitou o pai na Superintendência da PF Foto: Wilton Junior/Estadão
O ex-presidente cumpre o terceiro dia de prisão preventiva na Superintendência da PF no Distrito Federal por ter violado medidas cautelares. Ele danificou a tornozeleira eletrônica utilizada na prisão domiciliar e, somado a isso, Flávio convocou uma vigília em frente ao seu condomínio, e o ministro do STF Alexandre de Moraes avaliou risco de fuga.
No último domingo, 23, Moraes autorizou visitas de familiares e médicos a Bolsonaro. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi a primeira a visitar o marido por duas horas ainda no domingo.
O ex-presidente também recebeu visitas de seus advogados e do médico Cláudio Birolini, que acompanha o seu quadro clínico. Bolsonaro também tem à sua disposição plantão médico da própria PF por ordem de Moraes.
Bolsonaro pode ter em breve a sua prisão preventiva convertida em definitiva. O prazo para apresentação dos chamadas embargados de declaração, que pedem esclarecimentos da condenação, se esgotou nesta segunda-feira, sem que a defesa do ex-presidente tenha os apresentado a Moraes.
A única alternativa disponível agora é entrar com os embargos infringentes, que levam o caso da Primeira Turma para o plenário do STF e podem reverter a condenação de Bolsonaro. Porém, a jurisprudência do STF é pacífica sobre a necessidade de dois votos a favor do réu para que o caso seja levado ao plenário com os 11 ministros, o que não ocorreu com Bolsonaro. O ex-presidente só teve o voto favorável do ministro Luiz Fux.
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