23 de novembro de 2025

Sertralina e pregabalina: o que são remédios citados por Bolsonaro como alegação para a violação de tornozeleira

Autor: Daniel Menezes

G1 - O ex-presidente Jair Bolsonaro alegou que a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica foi em razão de um "surto", causado pelos medicamentos pregabalina e sertralina. Ele também negou qualquer tentativa de fuga.

A juíza responsável pelo atendimento decidiu manter a prisão do ex-presidente após a audiência de custódia.

De acordo com as bulas, os medicamentos são usados para tratamentos psiquiátricos, especialmente em casos de ansiedade, depressão. Ambos podem causar reações adversas que incluem alterações de humor e alucinações, apesar de serem sintomas mais raros.

Segundo a psiquiatra Danielle Admoni, da Unifesp, a sertralina e a pregabalina não costumam provocar alucinações. Ela explica que os efeitos adversos mais frequentes dessa combinação estão relacionados à sedação e ao ritmo de metabolização de cada paciente, especialmente em pessoas idosas.

 

“Não causam alucinação, o que pode causar mais é sonolência. Na verdade, assim, a sertralina é um remédio bastante tranquilo, com pouco efeito colateral. O que pode dar, são algumas alterações entre elas, sonolência, e a pregabalina também pode levar a sonolência, tanto que a gente costuma começar ela à noite.”

 

A médica reforça que fatores como idade e diferenças individuais no metabolismo podem alterar a forma como cada organismo reage à medicação. Por isso, mesmo que efeitos incomuns não sejam esperados, não é possível descartá-los completamente sem avaliar o histórico de cada paciente.

 

“Quando a gente pensa em alguém mais velho, a gente sempre tem que pensar em dose também. A gente pode ter respostas individuais, então nunca dá pra gente falar: 'ah, isso não é de jeito nenhum', sem conhecer o paciente”

 

Um boletim médico deste domingo, anexado aos autos e assinado pelos médicos Cláudio Birolini, cirurgião-geral, e Leandro Echenique, cardiologista, diz que Bolsonaro relatou ter apresentado, na noite de sexta-feira (21), um episódio de confusão mental e alucinações.

 

Os médicos afirmam que o quadro pode ter sido provocado pela pregabalina, medicamento prescrito por outro profissional da equipe. Segundo o documento, a pregabalina tem interação relevante com remédios que o ex-presidente já usa regularmente para crises de soluços — clorpromazina e gabapentina.

A associação pode causar efeitos colaterais como confusão mental, desorientação, sedação, alterações de equilíbrio, alucinações e prejuízo cognitivo. Os médicos informaram que o remédio foi suspenso imediatamente e que Bolsonaro não apresenta sintomas residuais no momento.

 

 

 

O que é pregabalina e para que serve?

 

 

A pregabalina é um medicamento usado no tratamento de dor neuropática, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), epilepsia e fibromialgia em adultos. O remédio atua regulando a transmissão de estímulos entre as células nervosas — efeito que costuma aparecer após cerca de uma semana de uso.

De acordo com a bula, a pregabalina pode ser prescrita para:

 

  • Dor neuropática: quando há lesão ou mau funcionamento dos nervos.
  • Epilepsia: como tratamento complementar para crises parciais.
  • Transtorno de Ansiedade Generalizada: ajudando a reduzir sintomas de preocupação excessiva e tensão constante.
  • Fibromialgia: condição marcada por dores generalizadas, fadiga e alterações do sono.

 

A pregabalina pode causar uma série de reações adversas, segundo a bula do medicamento. Os efeitos vão desde sintomas leves e comuns, como dor de cabeça e náusea, até eventos raros e potencialmente graves, incluindo reações alérgicas severas e alterações cardíacas.

As reações mais frequentes são dores de cabeça, que acontecem em cerca de 10% dos usuários. Outros menos comuns formam uma lista extensa, que inclui alterações físicas e emocionais. Entre elas:

 

  • Nasofaringite, aumento do apetite, irritabilidade, euforia, confusão e desorientação
  • Insônia, diminuição da libido, mudanças de memória e atenção.
  • Tremores, dificuldade de coordenação motora, letargia e sensação de embriaguez.
  • Visão turva ou dupla, vertigem.
  • Náusea, diarreia, vômitos, constipação e gases.
  • Cãibras, dores musculares e articulares, dor lombar e nos membros.
  • Edema (inchaço), marcha anormal e quedas.
  • Cansaço e aumento de peso.

 

 

Esses efeitos tendem a ser mais leves e, em muitos casos, diminuem com o tempo de uso, mas podem impactar a rotina de parte dos pacientes.

A medicação também pode causar reações incomuns (entre 0,1% e 1% dos pacientes) como:

 

  • Incluem alterações no humor, no sistema nervoso e no funcionamento de órgãos:
  • Neutropenia (queda de células de defesa), anorexia e hipoglicemia.
  • Alucinações, inquietação, mudanças bruscas de humor e despersonalização.
  • Aumento ou perda da libido, anorgasmia e disfunção sexual.
  • Desmaios, mioclonia, discinesia e outros distúrbios motores.
  • Alterações visuais, como redução da acuidade, dor ocular e visão periférica prejudicada.
  • Taquicardia, bradicardia, hipertensão ou pressão baixa.
  • Dificuldade para respirar, sangramento nasal, refluxo e hipersecreção salivar.
  • Erupções na pele, urticária e sudorese.
  • Incontinência urinária, disúria, retardo na ejaculação e disfunção erétil.
  • Febre, calafrios, fraqueza e alterações laboratoriais, incluindo enzimas hepáticas e glicose.
  • Hipersensibilidade, agressividade e perda de consciência também aparecem entre os efeitos relatados.

 

 

 

O que é sertralina e para que serve?

 

A sertralina é um antidepressivo que aumenta a disponibilidade de serotonina no cérebro, substância ligada ao humor, ao bem-estar e ao controle da ansiedade.

De acordo com a bula da medicação, a sertralina é indicada para adultos no tratamento de:

 

  • Depressão, inclusive quando há sintomas de ansiedade;
  • Transtorno do pânico;
  • Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT);
  • Fobia social;
  • Síndrome da tensão pré-menstrual e transtorno disfórico pré-menstrual;
  • O medicamento também é aprovado para tratar transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) em adultos e em crianças a partir de 6 anos.

 

A sertralina aumenta a ação da serotonina, uma substância que regula o humor, o sono, o apetite e outras funções, como a digestão e a cognição. Ela ajuda a aliviar sintomas como tristeza persistente, preocupação excessiva, ataques de pânico, compulsões e pensamentos obsessivos.

A medicação pode causar uma série de reações adversas, segundo a bula atualizada do medicamento. Os efeitos variam de sintomas leves e comuns até eventos raros e potencialmente graves que exigem atenção médica imediata.

As reações mais comuns, que ocorrem em mais de 10% dos pacientes, são:

 

  • Enjoo, diarreia e indigestão;
  • Tontura e dor de cabeça;
  • Tremores;
  • Falta de apetite;
  • Insônia ou sonolência;
  • Fadiga;
  • Sudorese excessiva;
  • Boca seca;
  • Disfunção sexual, como atraso na ejaculação e redução da libido.

 

 

Outras reações comuns, mas que costumam aparecer entre 1% e 10% dos pacientes são:

 

  • Constipação, náuseas com vômitos e dor abdominal;
  • Dores musculares, perda ou ganho de peso e aumento do apetite;
  • Dor no peito, palpitações e febre;
  • Zumbido, formigamentos e agitação;
  • Agressividade e comportamento hiperativo;
  • Infecções urinárias, incontinência e impotência;
  • Rinite, sinusite e bocejo frequente.

 

As reações incomuns incluem efeitos que podem indicar alterações mais significativas no organismo:

 

  • Fraqueza muscular;
  • Hipomania ou mania;
  • Dores nas articulações;
  • Sangramentos anormais, como manchas roxas, sangue nasal ou fezes com sangue;
  • Aumento das enzimas do fígado, indicando possível comprometimento hepático.

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