18 de novembro de 2025

O sujo julgando o legítimo: Brisa vira cortina de fumaça num parlamento que suprime a oposição enquanto blinda os erros dos vereadores e os problemas da cidade

Autor: Daniel Menezes

Se as projeções se confirmarem, Brisa (PT) deve ser cassada amanhã — com os 20 votos já alinhados nos bastidores. A disputa seguirá na Justiça, e com argumentos sólidos, mas o que está sendo imposto ao mandato é um perrengue político calculado.

O SUJO JULGANDO

Após denúncia de um parágrafo feita por Matheus Faustino (UB), o parecer que pede sua cassação foi assinado por Fúlvio (SDD) — um vereador condenado por irregularidades e obrigado a devolver recursos ao erário. Ainda assim, posou de paladino ético, protegido pelo silêncio confortável da mídia bancada pela prefeitura. Nelson Rodrigues ensinou: todo moralista carrega algo atrás da cortina. Aqui, nem é tão atrás assim.

A FÉ NA PONDERAÇÃO — E O TROCO

Brisa apostou no jogo democrático e, talvez ingenuamente, confiou na ponderação dos colegas. Era aposta arriscada. Um exemplo é Luciano Nascimento (PSD), que bancou o próprio aniversário com emenda parlamentar. Em privado, pediu calma, diálogo e solução coletiva; quando as luzes acenderam, virou outro personagem. É bom lembrar, Luciano: quem age assim não prospera na política — ainda que ache bobagem ouvir isso.

E A PREFEITURA? POR QUE FICOU DE FORA?

A prefeitura autorizou, fiscalizou e atestou a regularidade do evento que seria pago com a emenda de Brisa — evento que sequer usou os recursos, já que os artistas abriram mão dos cachês. Se os vereadores enxergam ilegalidade, o Executivo deveria ser corresponsável. Mas, curiosamente, ninguém ousou tocar nesse ponto. Enquanto isso, jantares, autopromoção, pagamentos duvidosos e outras práticas cevadas com emendas de parlamentares seguem cuidadosamente ignoradas.

A ESTRATÉGIA DA PROTEÇÃO

A Câmara ainda negou a Brisa acesso aos dados sobre as demais emendas — justamente o material que poderia comparar práticas e expor incoerências. Negativa seca, direta e reveladora: o objetivo não é investigar irregularidades, mas cassar um mandato e blindar os demais.

O BOI DE PIRANHA PERFEITO

Criar um inimigo é uma velha tática. Em tempos de polarização, funciona com ainda mais eficiência: desloca o debate, distrai o público e silencia quem incomoda. A narrativa de que “a cidade exige a cassação” é falsa, mas útil para varrer para debaixo do tapete o noticiário realmente ruim para a gestão municipal.

O ENSINAMENTO AMARGO

No RN, a esquerda ainda joga em campo adversário. Brisa foi alertada: Paulinho agia nos bastidores, embora publicamente falasse em “bancada liberada”. Se conseguir o que quer, o resultado será simbólico — num parlamento de 29 vozes, apenas três continuarão apontando os problemas da gestão. O resto seguirá firme na lógica de silenciar a oposição para não ter que explicar o que realmente interessa ao eleitor natalense.

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