31 de outubro de 2025
Em sua primeira fala após prisão por desacato, "esquerdogata" reconhece que foi elitista e arrogante, mas nega injúria racial
Autor: Daniel Menezes
Metrópoles - A influenciadora Aline Bardy Dutra, conhecida como Esquerdogata, se pronunciou, pela primeira vez, após ser presa por injúria racial e desacato a autoridades em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, no último sábado (25/10).
Em postagem nas redes sociais, ela afirmou que não havia se manifestado oficialmente por orientação dos advogados e também por “medo de falar qualquer coisa que me prejudica ainda mais”. O pronunciamento, que apresenta algumas palavras trocadas, foi feito por meio de um comentário em uma publicação compartilhada pelo advogado dela.
“Não houve injúria racial. Reveja o vídeo quantas vezes necessárias. Sim, eu fui arrogante. Sim, eu tive uma falha eletricista [fala elitista]. Parecida com a sala [fala] que os policiais têm quando abordam alguém”, escreveu.
Na sequência, a influenciadora pediu desculpas pelos erros de escrita e afirmou que estava publicando através de um aparelho que ela não sabe usar.
Alcoolismo
- Aline se manifestou por meio de um comentário na publicação do advogado Robertho Bertoldo.
- Na postagem, ele afirmou que a influenciadora sofre de alcoolismo e que irá buscar tratamento.
- “A Aline não tem nada de racista. Jamais teve. Quem conhece a história dela sabe e comprova isso. Ela me autorizou e vou revelar para vocês que ela sofre de alcoolismo”, afirmou ele.
- “Aquilo foi um surto causado pelo medo que ela tem da violência da polícia. Ela está muito envergonhada pelo que fez e deseja pedir desculpas aos seus seguidores e, em especial, ao policial a quem ela se dirigiu daquela forma.”
Prisão por injúria racial e desacato
Esquerdogata foi presa acusada de cometer o crime de injúria racial, desacatar policiais militares e resistir à prisão, na madrugada do último sábado (veja abaixo). Conforme relatório obtido pelo Metrópoles, o crime racial teria acontecido quando a influenciadora, que estava em um bar, avistou os policiais militares concluindo uma ação de fiscalização e se aproximou deles, com o celular em mãos. Ao se aproximar, ela teria afirmado a um policial: “Um preto querendo foder outro preto”.
Os PMs então começaram a gravar com seus celulares a influenciadora, que passou a ser indagada sobre a afirmação racista. Aline, então, afirmou que não havia cometido injúria, mas questionado como o policial abordava uma pessoa na mesma “condição de classe” que o militar.
Com sinais de embriaguez, condição que a própria influenciadora afirmava estar, Aline Bardy foi presa, momento a partir do qual passou a ofender e desacatar os PMs, com frases preconceituosas sobre salário e cultura.
Em mais de um momento, ela afirmou aos policiais contar com um milhão de seguidores nas redes sociais. Ela ainda teria cometido preconceito linguístico ao afirmar que um dos policiais, em outra audiência na qual ambos participaram, não teria conjugado corretamente um verbo, durante o depoimento.
Aline Bardy negou o crime racial, por meio de sua defesa. O advogado Douglas Eduardo Marques afirmou ao Metrópoles, por telefone, que sua cliente “está abalada”, após passar a noite presa. Ela foi solta, ainda no sábado, em audiência de custódia, e terá de cumprir medidas cautelares “de praxe”, como não sair à noite ou frequentar determinados lugares.
Quem é Esquerdogata
Comunicadora, professora e militante política, a influenciadora Aline Bardy Dutra, a Esquerdogata, soma mais de 800 mil seguidores nas redes sociais e, segundo ela própria, é referência em análises críticas, conteúdos sobre política e debates que unem informação e mobilização.
Em seu Instagram, ela publica vídeos e textos sobre diversos tópicos, como o tráfico de drogas ser uma questão de saúde pública, análises sobre o mercado financeiro e o “rombo nas contas públicas” .
A Esquerdogata também possui uma loja de produtos como roupas e copos que, de acordo com ela, nasceu do desejo de fortalecer a luta coletiva, levando adiante a mensagem da esquerda de forma “criativa, acessível e autêntica”.
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