4 de outubro de 2025
Israel continua ofensiva em Gaza, mesmo após apelos de Trump
Autor: Daniel Menezes
O exército de Israel afirmou neste sábado (4) que continuava sua ofensiva na Cidade de Gaza. Os ataques contradizem a afirmação feita na véspera pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e acontecem mesmo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter pedido um cessar-fogo na região.
O porta-voz das Forças Armadas de Israel (IDF), Coronel Avichay Adraee, afirmou que o exército continua a operar na cidade e que "retornar a ela é extremamente perigoso".
"Para sua segurança, evite retornar para o norte ou se aproximar de áreas de atividade das tropas da IDF em qualquer lugar — inclusive no sul da Faixa de Gaza", disse em um canal no X.
Na véspera, Netanyahu afirmou que Israel estava se preparando para a "implementação imediata" da primeira fase do plano de paz na Faixa de Gaza, elaborado pelos EUA.
O governo israelense disse, ainda, que continuará trabalhando em cooperação com os norte-americanos para terminar a guerra de acordo "com os princípios estabelecidos por Israel, que são consistentes com a visão do presidente Trump".
Apesar de o país ter diminuído os ataques à Gaza desde o apelo do presidente norte-americano, no entanto, o Ministério da Saúde de Gaza sinalizou que pelo menos 66 palestinos morreram nas últimas 24h.
Mais cedo, em uma publicação nas redes sociais neste sábado (4), o exército israelense afirmou que o governo do país convocou uma avaliação especial da situação e instruiu a antecipação dos preparativos para a implementação da primeira fase do plano do presidente norte-americano para libertação dos reféns.
"Ao mesmo tempo, enfatizou-se que a segurança das tropas das Forças de Defesa de Israel é uma prioridade máxima e que todas as capacidades da FDI serão alocadas ao Comando Sul para garantir a proteção das tropas", informou o exército.
"O Chefe do Estado-Maior observou que, dada a sensibilidade operacional, todas as tropas devem manter alto estado de alerta e vigilância, além de reforçar a necessidade de uma resposta rápida para neutralizar qualquer ameaça", completou a publicação.
Também neste sábado (4), um alto funcionário do grupo terrorista Hamas afirmou à AFP que estava pronto para iniciar as negociações para resolver todas as questões pendentes sob o acordo de cessar-fogo.
"Estamos prontos para começar negociações imediatamente para finalizar todas as questões", afirmou.
O plano apresentado pelos Estados Unidos prevê que o Hamas não participe de um novo governo na Faixa de Gaza.
Ainda segundo a proposta, todos os membros do grupo terrorista poderão ser anistiados, desde que entreguem as armas e aceitem em conviver de forma pacífica com Israel.
O Hamas ainda mantém mais de 40 reféns sequestrados no dia 7 de outubro de 2023, durante o atentado terrorista contra Israel que resultou no início da guerra. Parte das vítimas está morta.
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Palestinos inspecionam os danos em um bairro residencial, após uma operação israelense na área, na Cidade de Gaza. — Foto: Ebrahim Hajjaj/Reuters
Apoio mundial
A resposta do Hamas ao plano de paz de Trump atraiu um coro de declarações otimistas dos líderes mundiais, que pediram o fim do conflito mais mortal envolvendo Israel desde a sua criação em 1948 e solicitaram a libertação dos israelenses ainda detidos no enclave.
Outro possível impulso às esperanças de paz veio com uma declaração de apoio do grupo palestino Jihad Islâmica, apoiado pelo Irã, que é menor do que o Hamas, mas visto como mais linha-dura.
O grupo, que também mantém reféns, endossou no sábado a resposta do Hamas — uma medida que poderia ajudar a abrir caminho para a libertação dos israelenses ainda detidos por ambas as partes.
Trump investiu um capital político significativo em esforços para acabar com a guerra que deixou Israel, aliado dos EUA, cada vez mais isolado no cenário mundial.
Trump disse na sexta-feira que acreditava que o Hamas havia demonstrado estar "pronto para uma paz duradoura" e colocou o ônus sobre o governo de Netanyahu. "Israel deve parar imediatamente o bombardeio de Gaza, para que possamos tirar os reféns de lá com segurança e rapidez!" Escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.
Internamente, o primeiro-ministro está preso entre a crescente pressão para acabar com a guerra — das famílias dos reféns e de um público cansado da guerra — e as exigências dos membros da linha dura de sua coalizão, que insistem que não deve haver nenhum abrandamento na campanha de Israel em Gaza.
Israel começou a atacar Gaza após o ataque liderado pelo Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 foram feitas reféns, de acordo com os registros israelenses. Israel diz que 48 reféns permanecem, 20 dos quais estão vivos.
A campanha de Israel matou mais de 67.000 pessoas em Gaza, a maioria civis, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza.
"É hora de acabar com essa guerra horrível e trazer todos os reféns de volta para casa. Somos a favor da reconstrução e da reabilitação", disse Efrat Machikawa, membro ativo do fórum de famílias de reféns de Israel e sobrinha de Gadi Moses, um refém que foi libertado em janeiro.
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