12 de agosto de 2025
Após uma semana de tarifaço, diplomatas apontam 'truculência' do governo Trump e dizem que negociações não avançam
Autor: Daniel Menezes
G1 - Diplomatas ouvidos pela TV Globo disseram avaliar que, após uma semana de tarifaço americano contra mercadorias brasileiras em vigor, o governo de Donald Trump age com "truculência" em relação ao Brasil e, com isso, as negociações não avançam.
Segundo os relatos, conversas de bastidor têm acontecido entre integrantes dos dois governos, mas a avaliação é que, até agora, Trump não autorizou nenhum assessor próximo a discutir as tarifas de maneira efetiva com o Brasil, o que demonstra que a Casa Branca não quer negociar.
Na semana passada, entrou em vigor a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros vendidos no mercado americano.
Ao todo, cerca de 700 itens foram excluídos da tarifa, como suco de laranja e derivados de aço, mas outros, como café e carne bovina – importantes itens da economia brasileira –, seguiram na lista do tarifaço, o que prejudica as exportações.
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Contingência
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva formula o chamado plano de contingência, para tentar ajudar setores afetados pela tarifa imposta pela Casa Branca.
Nesse contexto, na última segunda (11), Lula se reuniu com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Geraldo Alckmin que, além de vice-presidente, comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
O blog da Ana Flor informou que o governo quer iniciar o debate sobre medidas de reciprocidade após lançar o plano de contingência. Recentemente, Lula regulamentou a chamada Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso Nacional.
Empresários de diversos setores, entretanto, têm cobrado do governo brasileiro que insista no caminho da negociação e não retalie, total ou parcialmente, a economia americana. Entendem que uma eventual retaliação pode piorar ainda mais o cenário.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás somente da China. Nesse cenário, o setor da indústria informou ter proposto ao governo que adote medidas como:
- linha de financiamento emergencial pelo BNDES;
- prazo maior para pagamento de financiamentos direcionados ao comércio exterior.
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“A confirmação da aplicação da sobretaxa sobre os produtos brasileiros, ainda que com exceções, penaliza de forma significativa a indústria nacional, com impactos diretos sobre a competitividade. Não há justificativa técnica ou econômica para o aumento das tarifas, mas acreditamos que não é hora de retaliar", afirmou em nota o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban.
"Seguimos defendendo a negociação como forma de convencer o governo americano que essa medida é uma relação de perde-perde para os dois países, não apenas para o Brasil", acrescentou.
Conversas com líderes do Brics
Para diplomatas ouvidos pela TV Globo, as recentes conversas do presidente Lula com líderes do Brics podem mostrar à comunidade internacional que o Brasil ainda aposta na solução de conflitos comerciais por meio de organismos multilaterais, como a Organização Mundial de Comércio (OMC).
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