7 de agosto de 2025
Há 8 anos, Rogério dizia que ocupar Mesa do Senado em protesto era “espetáculo deprimente de intolerância”
Autor: Daniel Menezes
Coluna Opinião
Do AGORA RN
O senador potiguar Rogério Marinho (PL), líder da oposição no Senado, tem sido um dos defensores dos parlamentares que estão ocupando as Mesas Diretoras do Congresso. Em entrevista coletiva em Brasília na terça, ele reconheceu que a medida é “radical”, mas legitimou a ação dizendo que é uma forma de pressionar por pautas como a anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023.
O interessante é que, oito anos atrás, Rogério pensava bem diferente. Em 2017, ele era deputado federal e relator da reforma trabalhista. Quando o projeto chegou ao Senado, a então senadora Fátima Bezerra (PT), hoje governadora do Rio Grande do Norte, se sentou na cadeira de presidente da Casa para impedir que a proposta fosse votada. Na época, o presidente do Senado era Eunício Oliveira (CE), e a crítica de Fátima era ao trecho da reforma trabalhista que abria brecha para que grávidas e lactantes pudessem trabalhar em ambientes insalubres.

Foto: Andressa Anholete / Senado
O tempo é implacável e um vídeo de Rogério Marinho da época circula nas redes sociais. Nele, o então deputado diz que a ocupação da Mesa Diretora do Senado era um “espetáculo deprimente de intolerância e falta de educação”. “Para o PT, a lei só serve a seu favor. Caso contrário, tenta impor táticas bolivarianas de intimidação e constrangimento contra quem pensa diferente. Para o PT, a democracia é uma casca vazia que só pode ser utilizada para corroborar a cleptocracia que vigorou durante 13 anos no Brasil. PT nunca mais”, disse o deputado.
Quer dizer então que, pelo próprio argumento de Rogério Marinho, é possível dizer que, “para o PL, a lei só serve a seu favor”? E que, caso contrário, o bolsonarismo “tenta impor táticas bolivarianas de intimidação e constrangimento”?
Diferença
Ocupar as Mesas Diretoras do Congresso e atrapalhar o funcionamento do Poder Legislativo é errado em qualquer aspecto. Não é assim que funciona a democracia e se exerce o direito do contraditório. Errou Fátima Bezerra em 2017 e erra o bolsonarismo apoiado por Rogério Marinho agora. É preciso, porém, enfatizar os motivos de cada ato. Lá atrás o protesto era contra a possibilidade de grávidas trabalharem em ambientes insalubres. Agora, a defesa é por anistia para quem tentou dar golpe de estado.
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