Com produtos faltando nos supermercados, EUA pedem visita de Alckmin; governo disse que não aceita negociar soberania

Autor: Daniel Menezes

Do UOL

Emissários dos Estados Unidos sinalizaram ao Brasil que gostariam de um gesto de boa vontade para excluir mais setores do "tarifaço": uma visita do vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin.

Os americanos, contudo, ainda não indicaram um interlocutor para negociar e se recusam a recuar na pressão política que vem sendo feita contra o Brasil por causa do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por golpe de Estado.

A avaliação no governo brasileiro, portanto, é que "não é possível negociar soberania".

Conforme três fontes a par do assunto ouvidas pela coluna, negociadores americanos informaram ao Brasil disposição de excluir da sobretaxa de 50% mais itens como carnes, pescado, café ou manga - produtos que não são feitos nos Estados Unidos ou que estão em falta no mercado.

No caso das carnes, por exemplo, o governo Trump está recebendo reclamações das redes de fast food, que sofrem com o aumento dos custos.

Os emissários de Washington, no entanto, afirmaram que só dariam esse passo depois de receber uma visita de Alckmin ou pelo menos de seu secretário-executivo, Marcio Elias.

Diplomatas ouvidos pela coluna dizem que a viagem de Alckmin a Washington, por enquanto, não faz sentido nas condições impostas pelos americanos.

Eles afirmam que o Brasil foi o único país do mundo para o qual Trump pediu para "abrir mão da própria democracia em troca de tarifas".

"Só podemos negociar quando os americanos estiverem dispostos a fazer isso seriamente. Por enquanto a bola está com eles", afirmou uma fonte.

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