22 de maio de 2025

Netanyahu condiciona fim da guerra a plano de Trump para deslocar palestinos de Gaza

Autor: Daniel Menezes

Do Estadão - O primeiro-ministro de IsraelBinyamin Netanyahu, apresentou pela primeira vez o plano de Donald Trump para a Faixa de Gaza como condição para encerrar a guerra.

Ele disse que a paz virá apenas quando Israel obtiver as seguintes garantias: “Que os reféns voltem para casa, o Hamas deponha as armas, deixe o poder, sua liderança seja exilada, Gaza seja desarmada e adotemos o plano de Trump, que é justo e revolucionário”, disse.

O plano de Trump foi apresentado durante um encontro com Netanyahu na Casa Branca, em fevereiro. A ideia do presidente americano é que 2 milhões de palestinos deixem Gaza e busquem refúgio permanente em países vizinhos, como Jordânia e Egito, para transformar o território na “Riviera do Oriente Médio”.

Especialistas, no entanto, afirmam que o deslocamento forçado se enquadraria na definição de limpeza étnica, que é considerada um crime de guerra no direito internacional. A proposta foi recebida com surpresa – Netanyahu parecia incrédulo com a sugestão.

Os ministros israelenses mais radicais elogiaram o plano. O governo de Israel já teria entrado em contato com vários países, incluindo Sudão, Somália e Síria, todos rejeitaram receber refugiados palestinos.

Mas, de acordo com o primeiro-ministro, aqueles que pedem o fim da guerra antes que essas exigências sejam atendidas querem que o Hamas permaneça no poder. Isso, segundo ele, resultaria na reestruturação do grupo terrorista, que voltaria a cometer as mesmas atrocidades, como “estupro e queima de bebês”. “Ao final da operação, todos os territórios de Gaza estarão sob controle israelense e o Hamas será totalmente derrotado.”

No entanto, segundo ele, para manter o apoio dos aliados, Israel deve evitar uma catástrofe humanitária em Gaza. O comentário soou como uma justificativa para permitir a entrada de ajuda humanitária no território palestino, que enfrenta forte oposição de seu gabinete de extrema direita.

Na terça-feira, Israel permitiu a entrada de 100 caminhões de ajuda humanitária em Gaza, segundo o governo. Nos caminhões havia farinha, leite em pó para bebês e suprimentos médicos. Agências da ONU e grupos de distribuição de alimentos, no entanto, disseram que os carregamentos não chegaram – apenas 15 carretas teriam sido descarregadas, de acordo com comerciantes palestinos.

Diante dos alertas para a fome na Faixa de Gaza, a comunidade internacional pressiona o governo Binyamin Netanyahu por ajuda humanitária para o território palestino.

Nesta quarta-feira, Israel enfrentou forte reação depois que os seus soldados dispararam na direção do grupo de diplomatas que fazia uma inspeção em Jenin, na Cisjordânia. A delegação era composta por representantes de 31 países.

O Exército de Israel disse que os tiros foram de “advertência” porque o grupo não seguiu uma rota predeterminada e pediu desculpas.

A ONU classificou a ação como “inaceitável” e pediu investigação. Vários governos convocaram embaixadores de Israel em seus países para pedir explicações./NYT e AP

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