8 de janeiro de 2025
Com João Pessoa como a "queridinha" do país, a indústria do turismo de Natal deixa o poder público brincar com o que enche o seu próprio bolso
Autor: Daniel Menezes
Com a mudança do código de obras e do plano diretor, será possível construir edifícios no pé da praia. Não é do outro lado da via que tangencia a orla. É após a rua mesmo, tendo depois apenas o mar. É o caso por exemplo da mudança na Via Costeira.
João Pessoa foi destaque com direito a extensa matéria no site britânico BBC, sendo classificada como a nova queridinha do Brasil em termos de turismo. Ora, Natal não se tornará mais atrativa fechando suas orlas urbanas, indo na contramão do que João Pessoa mantém como plano diretor para proteger suas praias.
O trade turístico acha que o super poder dado aos representantes da construção civil não terá impacto sobre ele. É uma ingenuidade. A construção civil vai erguer os prédios e depois não será mais possível arrancá-los. O lucro momentâneo ficará para os construtores. O prejuízo - inclusive econômico - ficará depois para a cidade, com fortes chances de ser bancado pelo turismo. Proteger nossas belezas naturais e o direito à paisagem são pilares também de nossa economia.
Seria de bom tom fazer pesquisas de opinião e de mercado. Só que me parece bem racional pensar que Natal não aumentará na recepção de turistas, transformando suas praias nos paredões que representam a organização de Boa Viagem, praia do Recife em que não há mais paisagem e os espigões quase tocam um no outro. Não conheço ninguém que vai ao Recife pensando em passear em Boa Viagem. O trade turístico deixar brincar com o que enche seu próprio bolso.
[0] Comentários | Deixe seu comentário.