30 de dezembro de 2024

Carlos Eduardo foi derrotado por todos aqueles que ele empoderou e subestimou em Natal

Autor: Daniel Menezes

Poder ama apenas o poder e é ingênuo supor que há lealdade para além do desejo de controlar pessoas e recursos.

O então prefeito Carlos Eduardo, que ia para a sua quarta gestão, aceitou a indicação do MDB para compor sua chapa. Vice: do ex-deputado estadual de Caicó, sem nenhuma história em Natal, Álvaro Dias. O nome era tido na época como alguém de fácil controle, tanto de Carlos Eduardo de quem Dias era amigo e do MDB, com que o hoje prefeito tinha um histórico de relacionamento.

Como quem não quer nada, Álvaro Dias brigou humildemente pela empreitada e terminou vice-prefeito. Entrando numa laranjada, Carlos Eduardo resolveu disputar o governo do RN contra Fátima Bezerra, que era nome certo para vencer o pleito de 2018. Ele abriu mão de 3 anos de prefeitura em prol da difícil disputa.

A ação tinha até alguma lógica. Mesmo que perdesse, Álvaro Dias, até então um político que nunca tinha visitado a periferia da cidade, assumiria. Na prática, Carlos Eduardo, o dono real dos votos, continuaria no poder. Só que o acaso incontrolável sempre entra em cena.

Ora, Álvaro Dias nunca foi controlado por ninguém. A ingenuidade estava aí. Como um amoral que é, foi só colocar as mãos na prefeitura para começar a desidratar Carlos Eduardo, retirando nomes de seu grupo. Uma vez no poder, Álvaro Dias faria o que fosse necessário para se manter nele - o povo queria remédio durante a pandemia, mesmo que não existisse? Vamos distribuir. O povo queria um paraquedas furado para se agarrar? Pela reeleição, foi moleza entregar. O comércio quer abrir suas portas? Vamos abrir. Morreu mais gente em Natal. Mas quem se importa? Álvaro Dias, os setores médicos, econômicos e midiáticos de Natal deixaram claro o valor que atribuem ao dinheiro deles e a vida de terceiros.

Atingida a reeleição, cabia agora matar Carlos Eduardo de vez - foram duas derrotas consecutivas com ampla participação de Álvaro Dias, daquele aparente inofensivo ex-deputado estadual que assumiu o papel de vice do mesmo Carlos Eduardo com a chancela de Garibaldi e Henrique lá atrás.

Carlos Eduardo foi fortemente enfraquecido por todos que ajudou a chegar ao topo do poder e da riqueza - na política, na publicidade e na imprensa.

PS. Álvaro Dias não quis apenas matar Carlos Eduardo politicamente de vez. Também trata de destruir o que CE deixou. A manutenção do núcleo do Plano Diretor de 2007 talvez seja a maior demonstração de despreendimento político de Carlos Eduardo, não se rebaixando, apesar de todas as pressões na época, a tornar Natal um loteamento do sindicato da construção civil. Dias, não apenas destruiu praticamente todo ele, como ainda tratou de pisar em cima, espalhando a mentira de que o plano de 2007 representava um entrave ao desenvolvimento de Natal.

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