3 de abril de 2024

Colado no colega de cela de José Dirceu, Styvenson se diz indignado pela presença do petista no congresso

Autor: Daniel Menezes

Quase duas décadas depois de ter o mandato de deputado federal cassado no plenário da Câmara, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) voltou ao Congresso Nacional, nesta terça-feira (2), e fez discurso na tribuna do Senado durante uma sessão legislativa para celebrar a democracia brasileira.

Foi a primeira vez que Dirceu esteve presente no Parlamento brasileiro desde sua cassação, em dezembro de 2005. Foram, portanto, mais de 19 anos de ausência. A situação deixou o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) indignado.

Sim, o senador tem razão quando narra que José Dirceu foi condenado por corrupção e perdeu o mandato por ocasião do chamado escândalo do mensalão. E, ora, sejamos realistas, sua retórica faz parte do jogo. Só que convém lembrar ao senador que ele é aliado do colega de cela de Dirceu no RN, o presidente nacional do PL Valdemar da Costa Neto também condenado por motivo idêntico.

Mas o cenário atual apresenta diferenças nada desprezíveis. Os dois já cumpriram suas penas, mas Dirceu não manda em nenhum partido, não controla verbas públicas de fundo partidário e dezenas de votos de deputados e senadores no congresso, algo bem distinto do aliado de Styvenson, o Costa Neto, um dos mandachuvas do bolsonarismo no Brasil.

O sistema político brasileiro é complexo e tende a trair o moralismo de goela do senador, pois que ele se veste de antipetista no Rio Grande do Norte e faz parte da mesa diretora no senado de Rodrigo Pacheco embalada pelo governo do presidente Lula, a mesma que derrotou o bolsonarista Rogério Marinho. Daí Styvenson não ter revelado seu voto na disputa pelo comando do senado. Assim mantém um pé discretamente na canoa no senado que apoia o governismo petista federal e coloca o outro no barco bolsonarista em âmbito local.

Algo que chama atenção, além disso, é o fato de Styvenson se incomodar com a presença de José Dirceu no congresso num momento em que o assunto dizia respeito a questões sobre ditadura, regime que fez de Dirceu também uma de suas vitimas. E conviver pacificamente com audiências em que terroristas que tentaram explodir o aeroporto de Brasília se fizeram presentes.

É uma régua estranha, mas, de repente, uma excelente oportunidade para o senador exercitar todo o seu udenismo político - basta romper com o PL no RN de quem anunciou aproximação e entregar o cargo que ocupa na mesa diretora do senado.

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