24 de março de 2024

A verdadeira polarização em 2024 no RN não é Lula x Bolsonaro, mas entre Walter Alves e Rogério Marinho; entenda o modo como as forças políticas já se articulam pensando em 2026

Autor: Daniel Menezes

A verdadeira polarização em 2024 no RN não será sobre Lula x Bolsonaro como vem sendo alegado por alguns. Via de regra, em cada cidade, o eleitor vota por questões locais. Mas não é o meu ponto analisar o comportamento do cidadão que olhará para problemas de sua cidade. A avaliação versa sobre o tabuleiro agregado das forças partidárias e seus líderes e o modo como eles agem já projetando os seus futuros.

Neste sentido, o pleito já é um prelúdio sobre o modo como as forças estaduais irão se comportar diante de 2026 e é aí que o acirramento ocorre. Ora, ele não passa exatamente pelo atual presidente em contraposição ao anterior. Até porque o RN foi e continuará a ser nacionamente lulista. É preciso descer mais.

O verdadeiro contraponto que vem se estabelecendo é entre o PL do senador Rogério Marinho X o MDB do vice-governador Walter Alves. São essas as forças que se articulam em confronto direto, fazendo os demais partidos se posicionar diante de tal situação.

Pelo lado do MDB, há um partido estruturado e com a perspectiva de fazer 40 prefeitos no RN em 2024. O presidente estadual da agremiação, o vice governador Walter Alves, atua em proximidade com o PP de João Maia e o PSDB de Ezequiel Ferreira de Souza. 

Pelo outro lado, há o PL de Rogério Marinho. Ele tem articulado em todas as cidades para lançar candidatura ou endossar outras postulações competitivas, tentando ocupar a condição de vice nas chapas em que se aproxima. Indicar o vice é sinônimo de estabelecer uma trava em prol de 2026. Marinho, na prática, atua com pragmatismo e escondeu os radicais bolsonaristas do PL numa gaveta e jogou a chave fora. A única chance deles terem algum espaço acontece quando não há fusão local com outro grupo competitivo, como ocorre com a pré-candidatura do ex-vereador Genivan Vale em Mossoró.

Correndo por fora à direita, há o União Brasil numa curiosa composição em que, ao mesmo tempo que cultiva espaços na esfera federal no governo Lula, faz dobradinha com o PL em Natal e em outros municípios. O UB mantém na mesa ainda a ideia de uma terceira via para 2026 a partir do prefeito de Mossoró Allyson Bezerra.

Há ainda o PSD de Zenaide Maia que não pode ser subestimado. Com grandes chances de fazer, apenas para começar, prefeitos em Natal, São Gonçalo e Ceará Mirim, o PSD pode sair fortíssimo de 2024 e com condições de sentar com o bloco que hoje é mais próximo, o MDB, PP, PSDB e PT, e dizer o que quer.

O PT da governadora Fátima Bezerra não cultiva uma tradição de fazer grande quantidade de prefeituras no RN e a história eleitoral potiguar já deixou escancarado que, nem de longe, ter muitos prefeitos resolve a parada. Porém, traz consigo as máquinas estadual e federal. A governadora ainda é dona do primeiro lance sobre o qual toda a competição irá posteriormente se desenrolar: ela será candidata ao senado ou irá efetivar todo o mandato? Daí também ocupar lugar de destaque no bloco MDB, PP, PSDB do qual já citei que faz parte.

Os demais partidos irão atuar na medida em que essas agremiações principais formem posição e a partir do que elas serão capazes de oferecer.

Repito, para que não paire dúvida, o eleitor não olhará para essas polarizações nacionais e/ou estaduais. Escolherá no contexto estabelecido e a partir da agenda dos problemas do seu município. Mas quem pensa em cima exercita a fina arte de Maquiavel e o jogo já é jogado. Resta saber o que sairá dele. Como nos ensinou o mestre Max Weber, por mais que tentemos projetar os nossos futuros, acabaremos sempre pautados pelo acaso incontrolável. Cabe, portanto, aguardar e conferir.

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