15 de dezembro de 2023

O que sabemos sobre os planos do PCC para atacar autoridades

Autor: Redação

Operação da PF combateu integrantes da facção criminosa que organizaram ataques contra Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG)

 

Polícia Federal (PF) realizou na quinta-feira (14) uma megaoperação para combater integrantes do PCC que são suspeitos de organizar um plano de ataque contra os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD- MG).

Foram realizados três mandados de prisão e 16 de busca e apreensão em São Paulo. Segundo o Ministério Público, dos três mandados de prisão, dois não foram cumpridos. A prisão efetuada foi de Eduardo Marcos da Silva, o Dudinha, membro do PCC que se reporta diretamente ao líder máximo da facção, Marcos Herbas William Camacho, o Marcola.

Veja abaixo o que sabemos sobre o caso.

A operação

A Polícia Federal cumpriu os mandados com o apoio da Polícia Militar e do Ministério Público do Estado de São Paulo, na operação batizada de “Irrestrita”, em alusão à célula dentro do PCC chamado de “Sintonia Restrita”, que atua com planos de ataques e mortes de autoridades, como policiais, promotores, delegados e políticos.

Segundo informações de investigadores da PF, a ação é de repressão às ações da facção, que podem ser direcionadas a autoridades, tanto estaduais quanto federais.

O objetivo da operação é desmantelar a célula, que também age na prática de homicídios contra rivais e terceiros, bem como compra e venda de armas de fogo ilegais.

Foram cerca de 150 policiais federais, com apoio da PM/SP. A apuração é do Grupo de Investigações Sensíveis de Cascavel (PR), ligado à Coordenação de Repressão ao ao Tráfico de Drogas e Facções, da Diretoria de Combate ao Crime Organizado, da PF de Brasília.

Os alvos do PCC

Presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco / 12/12/2022 REUTERS/Ueslei Marcelino

As residências oficiais dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foram monitoradas pela facção criminosa PCC durante pelo menos três meses. Fotos das duas casas foram encontradas em celulares apreendidos pela investigação.

Um relatório de inteligência do Ministério Público de São Paulo (MPSP) aponta que o grupo montou uma operação, batizada de “Missão Brasília”, para levantar endereços dos políticos. Eles vigiavam horários e até mesmo quantidade de seguranças.

Anotações mostram que, de maio a julho deste ano, a facção gastou cerca de R$ 2,5 mil por mês com o aluguel de uma casa na capital federal. O local serviu de base para os criminosos.

O bando também teria gastado R$ 4 mil com transportes por aplicativo, durante 15 dias, para “correr atrás de terreno para compra”, além de R$ 44 mil em gastos como compra de aparelhos celulares, seguro, IPTU, alimentação, mobília e compra de eletroeletrônicos.

PCC tem célula especializada em planejar ataques

Relatório de inteligência do Ministério Público de São Paulo (MPSP) mostra a existência de uma célula denominada “restrita” na organização criminosa PCC, direcionada a operações de sigilo e risco contra autoridades e altos funcionários em nível nacional.

A célula da organização criminosa teve treinamentos, que acontecem pelo menos desde 2014, com guerrilheiros do Exército do Povo Paraguaio (EPP), grupo responsável por sequestros e atentados contra autoridades no Paraguai.

Segundo o documento, obtido pela CNN, a parceria entre essas organizações resultou em treinamentos que incluem prática de tiro, manejo de explosivos e aquisição de conhecimentos táticos e posturas militares essenciais para a formação de “grupos de elite”. Esses grupos seriam destinados a missões específicas e pontuais, demandando respostas que poderiam incluir medidas letais.

A descoberta dessa célula especializada em operações sensíveis surgiu após a prisão de Janeferson Aparecido Mariano Gomes, conhecido como Nefo, em março deste ano. Ele foi apontado como um dos responsáveis por um plano frustrado de atentado contra o senador Sérgio Moro (União).

Membro ligado a Marcola preso

A PF prendeu Eduardo Marcos da Silva, o Dudinha, membro do PCC que se reporta diretamente ao líder máximo da facção, Marcos Herbas William Camacho, o Marcola. A informação foi dada pelo promotor do Ministério Público de São Paulo, Lincoln Gakiya, em entrevista à CNN.

Além de Dudinha, que foi preso em flagrante por porte ilegal de armas, Lucimario Rodrigues de Oliveira, o Mero Kiko, também foi preso durante a operação. Eles fazem parte de uma célula da facção criminosa denominada “restrita”.

Moro já foi alvo

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa. Na foto, Sergio Moro (União-PR) / Jefferson Rudy/Agência Senado

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, relatou à CNN que a operação da Polícia Federal (PF) de quinta-feira (14) é um desdobramento da Operação Sequaz, que aconteceu em março deste ano.

Na época, o objetivo era desarticular organização criminosa que pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades, incluindo homicídios e extorsão mediante sequestro. Um dos alvos da facção foi o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o próprio promotor Lincoln Gakiya.

A ação da PF desta quinta acontece após outros dois alvos do PCC terem sido descobertos: Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD- MG).

“O meu relatório acabou vazado para imprensa, mostrando que houve um levantamento de endereço do presidente da Câmara e do presidente do Senado. Então, são integrantes da mesma célula, da célula ‘Restrita’, que a gente visa identificar e prender”, afirma o promotor, que investiga o PCC desde os anos 2000.

 

 

Fonte: CNN Brasil 

[0] Comentários | Deixe seu comentário.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.