13 de dezembro de 2023

COP 28 termina com avanço sobre transição energética, mas exclui eliminação dos combustíveis fósseis

Autor: Redação

O presidente da COP 28, Sultan Al Jaber, chamou o acordo de 'histórico', mas acrescentou que o seu verdadeiro sucesso estaria na sua implementação.

 

O fim dos combustíveis fósseis não foi decretado, mas o mundo concorda que é preciso se "afastar" deles, começando ainda nesta década.

Esta é a principal conclusão da 28ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 28, que terminou nesta quarta-feira (13) com um acordo negociado entre 195 países.

Veja, abaixo, um resumo dos principais pontos:

 

  • Pela 1° vez, os países concordaram é preciso fazer uma "transição energética" para redução do uso combustíveis fósseis.
  • No entanto, o texto não cita a eliminação de combustíveis fósseis — ideia que não agradou os ambientalistas.
  • Acordo propõe que seja triplicada a capacidade de energia renovável a nível mundial até 2030.
  • Países anunciaram um fundo de US$ 420 milhões para apoiar países afetados pelo aquecimento global, mas valor é considerado baixo.
  • Conferência não estabeleceu compromissos concretos de financiamento para adaptação e mitigação, mas "reiterou" que mais dinheiro precisa chegar aos países afetados pelas mudanças climáticas.

PONTO-CHAVE: O acordo reconhece que é necessária a redução no uso de combustíveis fósseis, mas não diz como isso será feito e não cita a eliminação, que é uma meta já acordada para 2050, data estipulada pela ONU para não ter mais emissões de gases de efeito estufa.

“A menção à substituição do uso de combustíveis fósseis é inédita, mas totalmente em desacordo com a realidade de países que projetam um aumento em suas fontes sujas”, analisa Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Os países agora precisam decidir que verdade irá prevalecer: a do texto da COP, ou a dos seus planos de explorar cada vez mais petróleo, carvão e gás.”

 

 

Atrasos, transição e eliminação

 

O texto final foi divulgado na madrugada de quarta-feira, quase 24 horas depois do prazo inicial. As discussões foram marcadas pela forte oposição dos países produtores de petróleo, que buscavam evitar diretrizes mais imediatas pelo fim do uso da energia suja fossem adotadas.

O texto final e os compromissos nele assumidos ficaram ainda distante do que desejavam os especialistas que alertam para a urgência do fim do uso do carvãopetróleo e gás.

  • Cientistas do clima e demais especialistas desejavam que o documento final utilizasse a expressão "phase out", no sentido de eliminar os combustíveis fósseis.
  • Em seu lugar, o documento sugere uma transição“transition away from”, no original em inglês.
  • Mas, por outro lado, é a primeira vez desde 1994, quando a Convenção do Clima da ONU entrou em vigor, que os países concordam que é preciso deixar de usá-los em seus sistemas energéticos.
  • Foco do documento está na transição para sistemas de energia com emissões zero ou baixas, utilizando tecnologias renováveis, nucleares e de captura e armazenamento de carbono.
  • O texto da COP não estabelece metas gerais: cabe a cada país elaborar ou atualizar seus próprios compromissos nacionais de redução da emissão da gases de efeito estufa.

Lobby contra e a favor do petróleo

 

Ao longo da conferência do clima, mais de 100 países tentaram encontrar um consenso para definir meios para eliminar gradualmente o uso de petróleo, gás e carvão. O grupo contou com o apoio de grandes produtores de petróleo e gás, como os Estados Unidos, o Canadá e a Noruega, juntamente com o bloco da União Europeia (UE) e vários outros governos.

Porém, encontraram forte oposição da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderado pela Arábia Saudita, que argumentou que o mundo pode reduzir emissões sem evitar a eliminação de combustíveis específicos. O grupo controla quase 80% das reservas de petróleo do mundo — e os seus governos dependem fortemente dessas receitas.

Em sua 28ª edição, a cúpula do clima da ONU teve a presença de cerca de 2.400 pessoas ligadas às indústrias de carvão, petróleo e gás. Os ambientalistas denunciam que esse é um número recorde de pessoas pressionando para evitar medidas pela eliminação dos combustíveis fósseis.

secretário da Opep Haitham Al Ghais, foi um dos porta-vozes do grupo contra a eliminação dos combustíveis fósseis. A ideia da Opep sempre foi que o documento de compromisso da COP 28 mencionasse apenas uma redução da poluição climática, não a eliminação do uso do petróleo, carvão e gás.

Sucesso depende de implementação

 

O presidente da COP 28, Sultan Al Jaber, chamou o acordo de "histórico", mas acrescentou que o seu verdadeiro sucesso estaria na sua implementação.

 

“Somos o que fazemos, não o que dizemos”, disse Al Jaber. “Devemos tomar as medidas necessárias para transformar este acordo em ações tangíveis”.

 

Vários países também aplaudiram o acordo por ter conseguido algo difícil em décadas de negociações sobre o clima.

 

“É a primeira vez que o mundo se une em torno de um texto tão claro sobre a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Noruega, Espen Barth Eide. "Tem sido o elefante na sala. Finalmente abordamos isso de frente."
 
 

Fonte: G1  

 

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