17 de novembro de 2023

Todos os presidentes argentinos deixaram o cargo com inflação maior que na posse nos últimos 20 anos

Autor: Cecília Marinho

História mostra que a alta dos preços é um problema antigo dos hermanos

 

O dragão da inflação se reinstalou na Argentina nas últimas duas décadas e o mundo político definitivamente não conseguiu domar o problema.

Quatro presidentes ocuparam a Casa Rosada em 20 anos e todos deixaram a mesma marca: entregaram o cargo com uma inflação maior que a registrada na posse.

Problema antigo

A história mostra que a alta dos preços é um problema antigo dos hermanos. Desde o fim da 2ª Guerra Mundial, o país convive com ondas de inflação na economia.

No pós-guerra, o governo do presidente que deu nome ao peronismo – de Juan Domingo Perón – já convivia com esse problema tão atual. Na época, o aumento dos preços beirava os 40% por ano.

Na década seguinte, nos anos 1950, os preços chegaram a subir 100% em um ano, mas nada se compara à hiperinflação vista no fim da década de 1980. Na época, o país ficou sem dólares nas reservas – mesmo problema visto atualmente – e a inflação atingiu a estratosférica marca de 3.079% em 1989.

 

O ex-presidente da Argentina Nestor Kirchner após Cristina Fernández de Kirchner, sua esposa, tomar posse como a primeira presidente eleita da Argentina, completando uma rara transferência de poder de marido para esposa, no Congresso Nacional argentino, no centro de Buenos Aires.

Nestor Kirchner foi presidente da Argentina entre 2003 e 2007. / 10/12/2007 – Sergio Dutti/Estadão Conteúdo

Nova era do dragão

Os problemas voltaram a aparecer nas últimas duas décadas. Pode-se dizer que Nestor Kirchner foi o presidente que inaugurou essa nova era do dragão da inflação argentina.

O presidente tomou posse em 2003 com uma inflação anual de 3,7%. Quando deixou a Casa Rosada, em 2007, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) já havia subido alguns degraus, e atingiu 8,5%.

A alta dos preços na era Nestor Kirchner teve a origem comum no mundo, inclusive no Brasil: o governo gastava muito mais que a arrecadação.

Alberto Fernández, atual presidente da Argentina, e Cristina Fernández de Kirchner, vice de Alberto e também ex-presidente. / Reprodução

Problema cresceu

O presidente saiu, mas o sobrenome Kirchner continuou na presidência com a chegada de Cristina Fernández de Kirchner. Também ficaram os gastos públicos. E, assim, o problema da inflação não diminuiu. Ao contrário, só cresceu.

Cristina Kirchner, que assumiu com uma alta anual dos preços de 8,5% logo viu a inflação atingir os dois dígitos em 2010. Nessa época, a credibilidade do Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC), o IBGE argentino, foi questionada duramente.

Economistas acusavam o órgão de maquiar os números da inflação a favor do governo.
Com ou sem maquiagem, Cristina Kirchner deixou o governo com inflação anual já na casa dos 26,9%, segundo os dados oficiais.

Reformas não foram suficientes

Chega, então, o primeiro presidente de centro-direita desse período: Maurício Macri. O ex-prefeito de Buenos Aires chegou à Casa Rosada com uma agenda reformista e ideias liberais para ajustar a economia argentina.

Propôs mudanças estruturais, mas as reformas não foram suficientes. A velocidade do ajuste também deixou a desejar, e, assim, deixou o cargo com alta dos preços anual de 53,8%.

Mauricio Macri governou a Argentina entre 2015 e 2019 / Reprodução/ Instagram

Sem alteração no curso

Em 2019, a esquerda volta à presidência da República com Alberto Fernández. A volta do governo peronista, porém, não alterou o curso do problema econômico. O déficit fiscal continuava, e a inflação acelerou. Assim, o IPC mais que dobrou e atualmente acumulam alta de 142,7% nos 12 meses encerrados em outubro.

Nessa reta final do governo Fernández, o ministro da Economia é Sergio Massa, candidato que concorre no segundo turno e continua no cargo. Aos eleitores, ele diz que, se eleito, fará tudo diferente na presidência.

 

Fonte: CNN Brasil 

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