24 de outubro de 2023

Joias, golpe e vacinas: o que Mauro Cid já delatou à Polícia Federal

Autor: Cecília Marinho

Ex-ajudante de ordens reforça, em 24 horas de depoimento, que sempre ‘cumpriu ordens’

 

O ex-ajudante de ordens Mauro Cid implicou diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro em pelo menos três momentos da delação que fechou com a Polícia Federal: no caso das joias sauditas trazidas ilegalmente para o Brasil; no suposto plano de golpe de Estado; e também na fraude em cartões de vacina contra Covid-19.

A Polícia Federal ouviu Mauro Cid durante três dias. São 24 horas de depoimentos registrados em vídeo. Na maior parte das declarações, o militar reforça que apenas cumpria ordens, segundo apurou a CNN.

Joias sauditas

Sobre as joias sauditas, Mauro Cid teria dito que cumpriu ordens “para resolver” e confessou que vendeu o Rolex por 35 mil dólares e repassou parte do dinheiro, em mãos, para Bolsonaro. A informação foi confirmada pelo advogado Cézar Bitencourt ainda em agosto.

Plano de golpe

No fim de setembro, outra parte da colaboração veio a público: o trecho em que Cid detalha uma reunião do então presidente com os comandantes das Forças Armadas para discutir um plano de golpe. Nesse encontro, segundo Cid, Bolsonaro teria apresentado uma minuta para se manter na Presidência da República.

Cartões de vacina

Em maio, Cid foi preso como responsável pelo esquema que viabilizou a inserção de dados falsos em cartões de vacinação contra Covid-19. Na ocasião, Bolsonaro chegou a ser alvo de busca e apreensão.

Na delação à PF, Cid afirmou que os documentos fraudados foram impressos e entregues em mãos ao ex-presidente para que ele usasse quando “achasse conveniente” ou “se precisasse”. A informação de que militar “cumpriu ordens” de Bolsonaro neste caso foi revelada pelo portal UOL nesta segunda-feira (25) e confirmada pela CNN.

Aos investigadores, o ex-ajudante de ordens teria dito que os dados falsos de Bolsonaro e da filha do político, de 12 anos, foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde por servidores da prefeitura de Duque de Caxias (RJ), no dia 21 de dezembro de 2022, nove dias antes do ex-presidente viajar para os Estados Unidos.

Outro lado

A defesa de Jair Bolsonaro nega as acusações contra o ex-presidente. Aliados de Bolsonaro afirmaram ao âncora da CNN Gustavo Uribe e à analista Jussara Soares, da CNN, que a confiança em Mauro Cid não muda mesmo após a revelação de novos detalhes da delação do militar.

A estratégia segue sendo evitar confronto com as versões do ex-ajudante de ordens e tratar as notícias como “suposições”.

Ainda de acordo com interlocutores, Bolsonaro não tinha tempo de tratar de assuntos operacionais e de execução de tarefas. O argumento é que assessores como Cid tinham suas responsabilidades e tomavam suas iniciativas.

 

Fonte: CNN Brasil 

 

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