27 de dezembro de 2025
O mito dos “hospitais” de Styvenson e o desmonte silencioso do planejamento da saúde no RN
Autor: Daniel Menezes
O senador Styvenson Valentim segue repetindo o discurso de que “constrói hospitais”, agora com nova agenda em Parnamirim. O problema é que os fatos desmentem a narrativa. As emendas destinadas pelo senador à Liga Contra o Câncer são de custeio, não de construção — algo, aliás, feito por diversos parlamentares e poderes constituídos. A Liga é uma entidade privada, sem fins lucrativos, mas privada, e faz seus procedimentos recebendo recursos do SUS e atendendo clientes privados. Ao vender a ideia de obra pública, cria-se uma percepção equivocada no eleitorado sobre a natureza do gasto e sobre quem, de fato, está ampliando a rede pública de saúde.
Essa dinâmica gera um efeito perverso: a Liga acaba superfinanciada, combinando repasses do SUS com emendas parlamentares recorrentes. Enquanto isso, o planejamento estratégico da saúde do Rio Grande do Norte é atropelado por decisões fragmentadas, personalizadas e midiáticas. O dinheiro que poderia fortalecer hospitais efetivamente públicos — estruturados, planejados e integrados ao SUS estadual — é canalizado para a expansão de uma rede privada em oncologia. Na prática, cria-se um ambiente em que a instituição atende SUS e clientes privados, cresce de forma acelerada e pressiona concorrentes, em vez de o Estado organizar prioridades e lacunas reais da rede.
O resultado é um desperdício de recursos públicos e uma política de saúde guiada por marketing, não por evidência e planejamento. Essa distorção persiste porque raramente é enfrentada com a franqueza necessária: parte da imprensa prefere reproduzir a propaganda do “hospital construído” a explicar o que é custeio, o que é rede privada credenciada e quais são as consequências para o SUS. Sem esse debate honesto, a saúde pública do RN perde — e a reeleição de Styvenson agradece.
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