25 de dezembro de 2025

Diálogo, não ruptura: a escolha de Walter, a permanência de Fátima e a urgência de retomar a narrativa

Autor: Daniel Menezes

A decisão de Walter Alves de não assumir o governo é fruto de cálculo político, não de juízo moral. Seu objetivo é claro: chegar a 2027 com mandato e espaço de poder, como fazem todos os atores relevantes do sistema. Isso afeta o desenho eleitoral porque enfraquece a possibilidade de saída de Fátima Bezerra para disputar o Senado, mas não transforma a situação em conflito. Trata-se de correlação de forças, leitura de riscos e preservação de capital político — nada além disso.

É importante registrar: Fátima e Walter não estão rompidos. O desejo de Walter de ocupar uma vaga na assembleia coloca uma demanda objetiva sobre a mesa. Cabe ao PT e ao MDB dialogarem diante da perspectiva de acomodá-la. O afastamento entre os dois grupos seria ruim para ambos e não interessa a ninguém que observe o cenário com racionalidade. Do lado de fora, a conclusão é simples: a manutenção da aliança, ainda que com ajustes, é menos custosa do que uma ruptura.

Após o diálogo, há um ponto decisivo: recuperar a narrativa. Em política, quem não fala é falado. O silêncio prolongado só amplia ruídos, versões interessadas e leituras enviesadas. Equalizar expectativas, alinhar estratégias e comunicar com clareza é tão fundamental quanto a decisão em si. Sem isso, a disputa deixa de ser política e passa a ser comunicacional — e aí todos perdem.

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