7 de dezembro de 2025
Hipocrisia em Natal: “preocupação com crianças” só vale contra a Parada LGBTQIA+, não no Carnatal
Autor: Daniel Menezes
A Câmara Municipal de Natal aprovou lei proibindo crianças na Parada LGBTQIA+ sob o argumento de “protegê-las”, como se o evento fosse, por natureza, impróprio, incapaz de comportar famílias ou os presentes fossem incapazes de exercer o devido julgamento. Curiosamente, essa súbita preocupação moral desaparece quando o assunto é o Carnatal — festa noturna, com álcool, aglomeração, beijos e todas as expressões comuns de uma micareta. Lá, não há proibição alguma. Nenhum vereador se manifesta.
O contraste expõe o real objetivo: não se trata de defender crianças, mas de atacar o movimento LGBTQIA+. Se a proteção fosse genuína, ela se aplicaria a todos os eventos que envolvem multidões e manifestações afetivas, não apenas àqueles ligados à diversidade. A seletividade moral entrega a intenção política por trás da lei.
E é importante frisar: a crítica aqui não é ao Carnatal. Quem gosta vai, quem não gosta fica em casa — simples assim. O ponto é que, se o Carnatal serve há décadas como evento massivo e noturno sem qualquer impedimento para menores, ele se torna o parâmetro que escancara a hipocrisia. Quando a Câmara cria regra para um único grupo, mas finge não enxergar situações idênticas em outros contextos, o problema não é a proteção infantil — é o alvo escolhido.
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