16 de outubro de 2025
O debate sobre Natal está interditado
Autor: Daniel Menezes
Você leu aqui, caro leitor, que a prefeitura do Natal, conforme entrevista dada no dia 9 de Setembro de 2025 à Tribuna do Norte pelo secretário de planejamento Wagner Araújo, tinha a intenção de pegar empréstimo junto ao banco mundial para revitalizar a orla de ponta negra, finalizar o calçadão da praia do meio e investir em mobilidade urbana. De lá para cá, ocorreu uma troca - agora o empréstimo de 50 milhões de dólares deve ser todo canalizado para a secretaria de assistência social ocupada pela primeira dama Nina Souza.
Além da autorização do empréstimo junto a câmara ocorrer sem debate, por qual razão não acabar com as obras dos pontos turísticos e investir, como se definiu agora, em formação de profissionais e consultorias, algumas das atividades listadas no novo projeto de empréstimo? O que alicerça a escolha?

Ora, aqui do meu cantinho, caro leitor, eu não sou contrário a buscar recursos, inclusive na condição posta. Se as condições de pagamento forem boas, têm mais é que pegar para desenvolver a cidade. Mas qual foi o critério adotado que alicerçou mandar tudo para a pasta de Nina Souza? Isto mereceria ao menos algum debate.
O problema é que Natal enquanto objeto de discussão está interditada. A imprensa vive de verba pública e a condição posta pela comunicação da prefeitura, desde o tempo de Álvaro Dias, é - tem publicidade? Não pode publicar nada de questionamento, muito menos de crítica.
Não adianta culpar apenas os veículos. De fato, é difícil se manter sem verba estatal e Natal tem a maior do RN, inclusive do que a do governo do estado. E todo o recurso é concentrado obviamente em apenas uma cidade.
O dado concreto é que, com isso, as escolhas institucionais acabam sendo feitas sem nenhum tipo de escrutínio, o que vira porta aberta para soluções ruins. Trata-se de um tipo de armadilha estabelecida pela equação ausência de mídia questionadora + sociedade civil pouco organizada que acho difícil da cidade sair.
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