26 de setembro de 2025
Rogério Marinho encharca o RN com pesquisas para tentar desidratar e assimilar Allyson Bezerra
Autor: Daniel Menezes
O marqueteiro Alexandre Macedo é um profissional muito inteligente. Não chegou aonde chegou gratuitamente. Uma de suas estratégias consagradas é encharcar a esfera pública com muitas pesquisas para carrear o sentimento, nem tanto agora do eleitorado, mas da classe política.
Aprendi esse jogo de Macedo em 2012 quando todas as pesquisas em Natal davam vitória em primeiro turno folgada de Carlos Eduardo, seguido bem atrás por Hermano Moraes e com Fernando Mineiro posto no chão. Alexandre Macedo fazia a campanha de CE em conjunto com todos os institutos de Natal. Eu já atuava na área e sabia que o cenário era falso. Urnas abertas, tivemos segundo turno e, por menos de 1%, Mineiro não ultrapassou Hermano. Todos os institutos locais erraram. Com a imprensa também na mão, eu preguei no deserto contra tal contexto. O único espaço que recebi foi a partir de uma única entrevista pequena concedida ao então Diário de Natal. Achei a entrevista na internet e postarei em seguida.
Depois de 2012, passei a não me importar com consenso de institutos e só acreditar no que estou vendo e capturando na realidade. Esse mesmo falso consenso ocorreu em 2014 com todos dando vitória de Henrique em primeiro turno e Wilma para o senado. Depois, em 2018, quando todos os institutos davam Zenaide fora, inclusive o IBOPE, e mais uma vez preguei no deserto. Cito inúmeros exemplos para demonstrar que convergência de pesquisa não quer dizer absolutamente nada.
O fato é que a sagacidade de Alexandre Macedo se uniu a capacidade de Rogério Marinho de trazer para o RN institutos de âmbito nacional junto com portais alinhados ao bolsonarismo. É que, quando o instituto é de fora e o site nacional, a tendência é que a pesquisa seja considerada mais séria, o que é falso se olharmos o histórico de levantamentos veiculados nas últimas eleições estaduais do RN.
Não irei comentar nenhuma pesquisa em específico. Até porque tem números para todos os gostos, digamos assim. Mas conheço bem o cenário estadual. E é objetivamente impossível qualquer cenário em que Rogério Marinho apareça colado em Allyson Bezerra. Hoje, Allyson está muito distante dos demais. Rogério segue em segundo. Já Cadu tem entre 5% e 10% quando o estímulo é só citando o seu nome. E já quando é estimulado ao lado de Lula, por exemplo, "Cadu, candidato de Lula", ele sobe para 15% a 20%, a depender da variação de margem de erro. Este é o quadro posto.
Uma ex-funcionária do finado IBOPE me disse certa vez que o potiguar adora pesquisa. Nunca viu nada parecido em outro estado. A tendência é que, para aplacar tal vontade por números, que eles continuem em avalanche na cena pública potiguar. Claro, a partir do contexto estabelecido acima.
Do Diário de Natal/2012
Sociólogo diz que eleição vai para o segundo turno
Daniel Gonçalves de Menezes foi entrevistado ontem pelo Clube Notícia
Após uma chuva de pesquisas eleitorais em Natal, a principal dúvida do eleitor natalense é se a eleição vai ou não para o segundo turno. Esse é o ponto de interrogação do pleito deste ano. Na avaliação do sociólogo Daniel Gonçalves de Menezes, autor do livro “Pesquisa de opinião e Eleitoral: teoria e prática”, a tendência mostrada pelas sondagens realizadas pelos diversos institutos é de que o pleito seja decidido na segunda etapa. Ele disse, em entrevista ao Clube Notícia, da Rádio Clube Natal (97,9 FM), que os números se movimentam neste sentido.
“A curva da maioria dos institutos em relação a Carlos Eduardo é de descendência, de uma leve queda, que está se estabilizando. A curva de Hermano Morais é de elevação. É uma curva de ascendência, que também está se estabilizando. Há também um crescimento do candidato Fernando Mineiro. Estamos vendo a estagnação do deputado Rogério Marinho e dos demais candidatos. Sobretudo, o crescimento de Hermano e de Mineiro será muito importante para efetivar o segundo turno”, analisou o sociólogo.
De acordo com ele, apesar de as pesquisas ainda não indicarem um cenário que favoreça o segundo turno, elas mostram que a decisão do pleito não deverá se encerrar com vitória do ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT) no dia 7 de outubro. “Hoje, pelo que vejo nas pesquisas, o segundo turno a inda está na margem de erro. Faltam de 2% a 5% para os demais candidatos conseguirem superar Carlos Eduardo. Já está apontado dentro da margem de erro. Eu acho que, com a evolução das curvas, caminha para ter segundo turno. São as condições de hoje”, frisou.
Na análise do sociólogo, as pesquisas influenciam mais o jogo político do que o voto do eleitor. “O fato é que a pesquisa tende a influenciar mais o campo político do ponto de vista interno do que o eleitor, que está na ponta final do processo. A pesquisa influencia no ânimo da militância, na forma de relacionamento dos candidatos com os doadores de campanha, na estruturação das coligações. Nenhum partido vai querer se aliar com uma candidatura perdida. Então, toma como base as pesquisas. Elas, dessa forma, têm mais influência interna do que no voto”, observou.
No entanto, ele comentou as circunstâncias em que os resultados influenciam na escolha do eleitorado. “Em alguns casos conjunturais, temos essa influência específica. Por exemplo, o eleitor que usa a pesquisa para apresentar voto útil, como, por exemplo, numa disputa entre dois candidatos que estão para ir para o segundo turno. Ele deixa de votar no que iria, para escolher o que ele quer que vá. Tem também o voto dos indecisos. Cerca de 2% a 4% conforme estudos do Brasil, são influenciados por pesquisas”, comentou.
Sobre a manipulação de pesquisas para influenciar o eleitor, Daniel afirmou que não há nenhum mecanismo no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para fiscalizar esse tipo de prática. “A legislação não tem nenhum mecanismo que impressa a manipulação de pesquisas. O TRE não tem condição técnica de julgar se uma pesquisa é manipulada ou não. Poderiaser criada uma comissão que fosse capaz de levar em consideração os aspectos estatísticos, políticos e sociológicos”, sugeriu.
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