16 de setembro de 2025

Farra do INSS: alvo da PF, Nelson Wilians doou para integrante da CPMI Rogério Marinho; o senador deveria pedir para sair da Comissão

Autor: Daniel Menezes

Do Metrópoles - Alvo da operação da Polícia Federal (PF) que prendeu o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e o empresário Maurício Camisotti, na última sexta-feira (12/9), o advogado Nelson Wilians (foto em destaque) doou R$ 10 mil para a campanha do senador Rogério Marinho (PL-RN), nas eleições de 2018.

Líder da oposição no Senado, Rogério Marinho foi secretário especial da Previdência durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e é um dos integrantes da CPMI do INSS, que investiga a farra dos descontos indevidos sobre aposentadorias, revelada pelo Metrópoles.

Já Nelson Wilians é investigado pela PF por suspeita de lavagem de dinheiro para Maurício Camisotti, empresário apontado como beneficiário final de três entidades investigadas por fraudar filiações de aposentados para aplicar descontos. Ele foi alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos pela PF na sexta feira (12/9), no âmbito da Operação Cambota, segunda fase da Operação Sem Desconto.

ROGÉRIO MARINHO AINDA TEM CONDIÇÕES DE PERMANECER NA CPMI?

O senador Rogério Marinho alegou em nota ao portal Metrópoles - veja na íntegra a seguir - que a doação “foi realizada observando todos os procedimentos legais".

Mas há vários poréns. Como é que Rogério Marinho vai continuar como membro da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito, sendo que, primeiro, tendo sido secretário de previdência do governo Bolsonaro, período também sob investigação da comissão? E agora com a informação revelada pelo metrópoles?

De fato, até o presente momento nada há contra o senador. Não cabe aqui qualquer perspectiva leviana. Só que o senador Rogério Marinho investigará a si mesmo, isto é, o presidente do PL do RN escrutinará o ex-secretário de previdência do governo Bolsonaro Rogério Marinho?

E como será a relação de investigação contra alguém que doou para a sua campanha? Basta se encontrar no jardim da infância para estabelecer o entendimento racional a respeito do que Rogério Marinho deve fazer.

 

Farra do INSS: alvo da PF, Nelson Wilians doou para integrante da CPMI

Do Metrópoles

Alvo da operação da Polícia Federal (PF) que prendeu o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e o empresário Maurício Camisotti, na última sexta-feira (12/9), o advogado Nelson Wilians (foto em destaque) doou R$ 10 mil para a campanha do senador Rogério Marinho (PL-RN), nas eleições de 2018.

Líder da oposição no Senado, Rogério Marinho foi secretário especial da Previdência durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e é um dos integrantes da CPMI do INSS, que investiga a farra dos descontos indevidos sobre aposentadorias, revelada pelo Metrópoles.

Já Nelson Wilians é investigado pela PF por suspeita de lavagem de dinheiro para Maurício Camisotti, empresário apontado como beneficiário final de três entidades investigadas por fraudar filiações de aposentados para aplicar descontos. Ele foi alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos pela PF na sexta feira (12/9), no âmbito da Operação Cambota, segunda fase da Operação Sem Desconto.

Nelson Wilians é conhecido por cultivar boas relações no universo político, e já doou para a campanha de nomes como o ex-prefeito de São Paulo e ex-governador João Doria (ex-PSDB), para quem também já advogou.

Ao todo, sete políticos receberam doações de Wilians desde 2014 — Rogério Marinho é o único entre os membros, titulares e suplentes, da CPMI do INSS. Ao Metrópoles, o senador disse que a doação foi feita “observando todos os procedimentos legais” e “não tem condão de interferir em sua atuação como parlamentar” (veja nota abaixo). Procurado para falar sobre as doações, Nelson Wilians não respondeu. O espaço segue aberto.


Doações do advogado Nelson Wilians:

  • 2022
    • R$ 5 mil para Marco Aurélio Bertaiolli (PSD) disputar o cargo de deputado federal por SP
    • R$ 5 mil para Emidio de Souza (PT) disputar o cargo de deputado estadual por SP
  • 2018
    • R$ 10 mil para Rogério Marinho (então PSDB, hoje PL) disputar o cargo de deputado federal pelo RN
    • R$ 10 mil para Antonio Anastasia (então PSDB, hoje PSD) disputar o governo de MG
  • 2016 
    • R$ 10 mil para João Doria  (então PSDB, hoje sem partido) disputar a Prefeitura de São Paulo
  • 2014
    • R$ 2 mil para Beto Richa (então PSDB, hoje Cidadania) disputar o governo do Paraná
    • R$ 3 mil para Frederico Cantori Antunes disputar cargo de deputado estadual pelo RS

Requerimentos sobre Nelson Wilians ainda não foram apreciados

A CPMI do INSS foi criada para investigar as fraudes bilionárias envolvendo descontos indevidos em milhões de aposentadorias e pensões do país. A presença de Rogério Marinho, que atuou como secretário da Previdência durante parte do período em que as fraudes ocorreram, já foi questionada por membros governistas. Ele é membro suplente do bloco parlamentar do PL e do Novo.

Parlamentares que integram a comissão já fizeram dois pedidos para que o depoimento de Nelson Wilians seja convocado. Também já foi solicitado que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) envie um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) a respeito das informações financeiras do advogado.

Como já mostrou o MetrópolesNelson Wilians movimentou R$ 4,3 bilhões em operações consideradas suspeitas, entre 2019 e 2024 — ele nega qualquer irregularidades em suas transações financeiras. Entre os pagamentos suspeitas aparecem R$ 15 milhões repassados por Wilians a Maurício Camisotti — ambos alegam se tratar da venda de um terreno na capital paulista.

Esses pedidos, de autoria do relator, Alfredo Gaspar (União) e do deputado federal, Rogério Correia (PT), ficaram de fora da lista de mais de 400 requerimentos aprovados pela CPMI na sessão da última quinta-feira (11/9) e deverão ser novamente apreciados nas próximas sessões.

O que diz o senador Rogério Marinho

Em nota ao Metrópoles, a assessoria de Rogério Marinho disse que a doação de Nelson Wilians “foi realizada observando todos os procedimentos legais e representa 0,5% do total de recursos gastos na campanha a deputado federal, em 2018”.

“Por óbvio, por ocasião da campanha, não havia nenhuma expectativa de que o senador Rogério Marinho ocupasse cargo no governo do presidente Bolsonaro. Por fim, nenhuma doação eventualmente recebida tem condão de interferir em sua atuação como parlamentar ou em qualquer outro cargo público ocupado”, completou.

 

O que disse Nelson Wilians sobre operação

Em nota divulgada na sexta-feira (12/9), quando foi alvo da operação da PF, a defesa de Nelson Wilians afirmou que tem colaborado integralmente com as autoridades e que “confia que a apuração demonstrará sua total inocência”. Também disse que a ligação entre ele e um dos investigados s restringe à relação profissional.

“Nelson Wilians já afirmou, anteriormente, que sua relação com um dos investigados — seu cliente na área jurídica — é estritamente profissional e legal, o que será comprovado de forma cabal. Os valores por ele transferidos referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação”, afirma.

“Ressaltamos que a medida cumprida é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade. O advogado permanece à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários e reafirma seu compromisso com a legalidade e a transparência”, escreveu.

Já a defesa de Maurício Camisotti, preso no mesmo dia, afirma que não há qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação que apura fraudes no INSS e aponta para uma “arbitrariedade” supostamente cometida durante a ação policial.

Segundo os advogados, Camisotti teve seu celular retirado das mãos no exato momento em que falava com seu advogado. “Tal conduta afronta garantias constitucionais básicas e equivale a constranger um investigado a falar ou produzir prova contra si próprio”, afirma a defesa.

“A defesa reitera que adotará todas as medidas legais cabíveis para reverter a prisão e assegurar o pleno respeito aos direitos e garantias fundamentais do empresário”, conclui a nota.

[0] Comentários | Deixe seu comentário.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.