15 de agosto de 2025
Em audiência na Câmara de Natal, trabalhadores e especialistas defendem fim da escala 6x1 e taxação dos super-ricos
Autor: Daniel Menezes
O debate sobre o fim da escala de trabalho 6x1 e a taxação da renda dos super-ricos brasileiros ocupou o plenário da Câmara Municipal de Natal na manhã desta sexta-feira (15). Proposta pelo mandato da vereadora Brisa Bracchi (PT), a audiência pública reuniu representantes dos trabalhadores, movimentos sociais e especialistas para defender a aprovação das duas pautas que hoje encontram-se no Congresso Nacional.
"Precisamos extrapolar o movimento nas redes e trazer a pauta para rua. E a gente trouxe para a Câmara por saber que essa casa por muito tempo não esteva aberta para as demandas dos movimentos sociais", destacou a vereadora Brisa Bracchi.
Os participantes da audiência apresentaram suas experiências políticas, sociais e acadêmicas e estudos técnicos para embasar os benefícios que o fim da escala de trabalho com apenas um dia de folga na semana, bem como a diminuição da atual desigualdade na cobrança de impostos no país. "A carga tributária é elevada para a classe trabalhadora e super-baixa para os super-ricos. Quem ganha até 3 salários mínimos paga de 30 a 35% de impostos, enquanto os super-ricos pagam de 10 a 11%, alguns até menos", explicou William Pereira, professor de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). "Trabalho não é só meio de pagar boletos. Apesar de ser importante para isso, também é fundamental na contribuição da identidade psicossocial, de como a gente se põe no mundo, mas não pode ser tudo e tomar conta da vida inteira", completou Jorge Falcão, docente do departamento de psicologia da UFRN.
A defesa por parte das representações dos trabalhadores e trabalhadores também foi destaque durante a audiência, com a apresentação de diversas nuances que envolvem os debates. "Taxar os super-ricos significa ter mais recursos para saúde, educação e também em equipamentos públicos para socialização do trabalho doméstico", apontou Adriana Vieira, da Marcha Mundial das Mulheres. "Essa consulta também precisa ter um debate estrutural papel da mulher na divisão do trabalho", completou a deputada Isolda Dantas (PT).
O vereador Daniel Valença (PT) ressaltou ainda a continuidade da agenda na defesa da aprovação das duas medidas. "A mobilização passa pelo plebiscito e também por irmos às ruas, como está marcada a mobilização para o dia 7 de setembro. Só lutando muito vamos conseguir superar a escala 6x1 e taxar os super-ricos", pontuou o parlamentar.
Durante a audiência também foram coletados votos do plebiscito popular, através da urna viabilizada pelo mandato de Brisa Bracchi. A urna já circulou por pontos de Natal, Ceará-Mirim e Extremoz nos dias recentes. Qualquer cidadão pode buscar as urnas e responder às duas perguntas do plebiscito: "você é a favor da redução da jornada de trabalho, sem redução salarial, e do fim da escala 6x1?" e "você é a favor de que quem ganhe mais de R$ 50 mil pague mais imposto para quem recebe até R$ 5 mil não pague imposto de renda?". A votação do Plebiscito Popular está aberta em todo o Brasil desde o dia 1º de julho e segue até setembro. Os resultados da manifestação popular serão encaminhados ao presidente Lula, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Também participaram da audiência pública a subsecretária de juventude do estado Zélia Pamplona, a ex-vereadora e representante da Frente Povo Sem Medo Camila Barbosa, Marquinhos Santanta do Sindicato dos Empregados em Supermercado e Similares, além de representantes dos mandatos das vereadoras Samanda Alves (PT) e Thabatta Pimenta (PSOL), do Sindipetro-RN e da Adurn.
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