4 de julho de 2025

Vereadores de Natal se anularam perante o executivo e agora buscam protagonismo na base da gritaria e da lacração

Autor: Daniel Menezes

Caro leitor, notou que a câmara municipal do Natal desapareceu do noticiário? Não foi apenas pelo recesso. Na prática, os vereadores impediram que as comissões pudessem chamar secretários para debater as políticas de Natal, aprovaram livre movimentação de até 40% do orçamento pelo prefeito sem passar pelo legislativo e permitiram que as regulamentações urbanas de Natal fossem feitas também sem passar por eles. Isto é, acabaram com suas prerrogativas. Até para ter um protagonismo como aliados do prefeito, tratou-se de uma burrice coletivamente cevada pelo medo de preservar alguma autonomia. Só ficou bom para o prefeito e para o presidente da câmara.

Pois bem, resta agora ao vereador viver de requerimento, o que na prática qualquer cidadão pode fazer para uma secretaria tapar um buraco, por exemplo, ou gritar para fazer lacração. Não duvido que novas Comissões Especiais de Inquérito, vazias como as demais, sejam aprovados apenas para gerar manchetes de jornal.

Veja o caso do subtenente Eliabe. Ele anunciou uma lei parar impedir que a parada gay receba ajuda do município. Segundo ele, ajudar o evento é uma forma de aparelhar o estado com pauta ideológica. Em resumo, ele entrou na competição pela bandeira da homofobia típica do bolsonarismo. O ataque às minorias até então era pauta da vereadora Camila Araújo.

Caro Eliabe, ouça as músicas que foram tocadas no São João de Natal. Sua lei irá atentar também contra o evento, já que alguém poderá amanhã alegar que "lapada na rachada" ou "senta que é de menta" representam uma ideologia.

Procure raciocinar para além do seu moralismo seletivo. Tanto sua lei estabelece uma base ideológica de contestação de todos os eventos, como também é completamente inconstitucional querer que só eventos com a presença das pessoas com a sexualidade que o senhor deseja, com o perdão do trocadilho, tenham patrocínio/ajuda do poder público.

Mas ok. Entendo que você está querendo ser deputado estadual e busca retirar votos dos concorrentes do seu campo, empunhando a bandeira da homofobia. Só que é óbvio que ela é segregacionista e não aguentará muito tempo de debate político e jurídico.

Inclusive, talvez você não precisaria se submeter a fazer esse papel de Damares Alves de calça, caso não tivesse jogado no lixo as prerrogativas do seu mandato. E não foi por falta de aviso.

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