15 de junho de 2025

O São João tal como minha geração conheceu acabou e isto é bom?

Autor: Daniel Menezes

O São João tal como vivenciei há 30 anos mudou - os saudosistas falam em morte da tradição. Os mudancistas em transformação pelo ingresso de novos públicos/práticas. O fato é que forró, fogueira, comidas típicas, arraias estão saindo de cena e entra o que bomba nas redes sociais.

Em Mossoró há trios elétricos, emulando micaretas. Em Natal, música eletrônica com Alok. Os cantores do "forró raiz" reclamam. Se sentem desprestigiados. A questão é que o público parece aprovar.

Pessoalmente, acho um completo absurdo pagar 1 milhão em duas horas de Luan Santana, grana que geraria dezenas de eventos nas comunidades com suas tradições e capacidade de organização. Só que eu tenho de reconhecer que minha opinião parece ser minoritária.

Penso ser algo despropositado trazer Alok. Nada contra a música. Só acho que não cabe. Mas minha cabeça é de outra época. Vi, por exemplo, alguns alunos arrumados na aula, esperando ela acabar ansiosos. Queriam ter a oportunidade de ver o dj famoso só então acessado pela internet. Por isso meu medo de possivelmente fazer o papel melancólico de defensor do retorno ao passado, o que pode gerar, conforme nos ensinaram os cientistas sociais Zygmunt Bauman e Mark Lilla, enquadramento reacionário.

O tema é complexo e envolve tradições (sempre inventadas e atualizadas), mudança e a capacidade do poder público em preservar, ditar ou acompanhar tendências...

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