13 de junho de 2025
“No Brasil passou a ser crime discordar”, diz Rogério Marinho em defesa da pauta da extrema direita; enquanto seu grupo político persegue jornalistas não alinhados no RN
Autor: Daniel Menezes
Conforme Rogério Marinho, em discurso ontem (12) na câmara municipal por ocasião da concessão do título de cidadão natalense e potiguar para o ex-presidente Jair Bolsonaro, “no Brasil passou a ser crime discordar”.
Ora, é falso dizer que a extrema direita defende uma liberdade de expressão absoluta. É bem pior. Ela quer voz irrestrita para alguns e silêncio para outros.
Aprendi a avaliar políticos pelas suas práticas efetivas e não pela retórica, que pode ser meramente despiste para o que de fato está em jogo. O grupo que hoje apoia Rogério Marinho tenta implementar nas terras de poti uma arena de debate com a supremacia de uma única opinião.
Todos os jornalistas demitidos ou comentaristas de política proibidos de comentar em mesas de debate de jornal, rádio e Tv foram perseguidos por setores do bolsonarismo potiguar. São dezenas de nomes.
(Eu mesmo, caro leitor, estou na lista. Só achei por bem silenciar sobre a minha situação para não vampirizar a atenção que deveria, no momento em que o debate acontecia, para aqueles que precisavam de mais apoio.)
Rogério Marinho fala do "direito de discordar" e se esquece que seu suplente e seu representante perante o PIB potiguar, o dono da Tribuna do Norte Flávio Azevedo, expulsou de forma vexatória um jornalista de seu periódico por comentário publicado no instagram. Estamos diante de apenas um exemplo entre muitos.
Este blog, além disso, é processado pela vereadora Camila Araújo, que é alinhada com Marinho e que também defende retoricamente a liberdade de opinião absoluta.
Em termos nacionais, não é uma discordância que está em jogo, mas uma tentativa de golpe amplamente atestada por investigação dos entes devidos. Se fosse a mera diferença de perspectiva, o próprio Marinho não teria liberdade para criticar o governo e o judiciário brasileiro de maneira ininterrupta 24 horas do dia, 7 dias por semana.
E, convém lembrar, sendo salvo pelo próprio STF que tanto ataca após recurso jurídico impetrado na citada corte, o que permitiu que ele não perdesse os seus direitos políticos por condenação em instâncias interiores por esquema de funcionários fantasmas do tempo em que foi presidente da câmara municipal do Natal (leia aqui).
E no plano local, quem tenta implementar um discurso único a partir da força do dinheiro é justamente o bolsonarismo em que Rogério Marinho é seu grande líder.
Portanto, até para preservar o direito à discordância, é preciso respeitar as instituições protetoras da liberdade - o que o bolsonarismo só quer pra si - e questionar a validade factual do discurso de Marinho, na prática, referência do grupo que tenta privatizar a discussão que só é rica se for diversa.
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