3 de junho de 2025

FURO DA AGÊNCIA SAIBA MAIS: Girão falou de "guerrilha" em reunião de “Comando de Caça a Comunistas”

Autor: Daniel Menezes

DO SAIBA MAIS

Por Alisson Almeida

 

“O Brasil continua sob ameaça e, para reagir, não adianta só a força das armas. A gente tem que começar buscando o apoio da população. Uma boa guerrilha, pra você conseguir o objetivo, você tem que conquistar o item básico, que é o apoio da população”. A declaração é do deputado federal General Girão (PL), feita durante um encontro de “grupos patriotas”, realizado no dia 16 de setembro de 2023, na sede do Clube Militar do Rio de Janeiro.

O discurso do parlamentar bolsonarista continua no ar nas redes sociais em um perfil no chamado “Força Ampla Patriótica”. Girão é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por incitação aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O 1º Encontro Nacional dos Grupos Patriotas, segundo informações do site “Comando Ananás”, foi organizado pelo coronel reformado do Exército Etevaldo Luiz Caçadini, acusado de liderar a organização criminosa que se denominava “Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos” (Comando C4).

O nome do grupo faz referência ao Comando de Caça aos Comunistas (CCC), milícia de extrema direita que, apesar de não fazer parte oficialmente do sistema, apoiou a ditadura militar brasileira, iniciada com o golpe de 1964.

Uma parte dos seus integrantes foi, posteriormente, incorporada aos órgãos oficiais de repressão, como o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi) e o Serviço Nacional de Informações (SNI).

A nova milícia anticomunista inspirada na ditadura militar foi descoberta pela Polícia Federal (PF), em uma operação realizada na última sexta-feira (28), quando foram presos cinco integrantes de um grupo de extermínio, formado por civis e militares da ativa e da reserva, que cobrava para espionar autoridades, como senadores, deputados e ministros do STF.

A operação foi autorizada pelo ministro do STF, Cristiano Zanin. De acordo com a PF, o grupo também está envolvido em um esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A reunião do “grupo de patriotas”, com a presença do General Girão, ocorreu menos de três meses antes do assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido no dia 5 de dezembro de 2023, em Cuiabá (MT). A investigação sobre o crime, que segundo a PF foi financiado pelo coronel reformado Luiz Caçadini, levou à descoberta do “Comando C4”.

A PF encontrou, no celular de Zampieri, negociações de venda de sentenças judiciais com menções a juízes de diferentes tribunais do país, incluindo gabinetes de ministros do STJ. O grupo, segundo as investigações, usava drones para espionar autoridades, além de contratar garotas e garotos de programa como “isca” para atrair seus alvos.

De acordo com a PF, o grupo mantinha uma tabela de preços de espionagem conforme o perfil de cada alvo. Para espionar ministros do STF, o valor cobrado era de R$ 250 mil. Já o preço para fazer o mesmo serviço com senadores e deputados custava, respectivamente, R$ 150 mil e R$ 100 mil.

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