1 de junho de 2025

Álvaro Dias saiu incólume

Autor: Daniel Menezes

Escutei diversas vezes durante a pandemia do coronavírus que, depois dela, o mundo e as pessoas seriam diferentes. O fato é que afirmamos ainda mais os processos de nossa atomização na sociedade, alimentando um darwinismo selvagem. Quem morreu pela irresponsabilidade criminosa alheia, foi posto na conta de deus.

Acumulei cerca de 100 páginas de pesquisa sobre o comportamento dos agentes políticos durante o período citado, relacionando-o com a reeleição de Álvaro Dias. Trata-se de livro inconcluso. Assisti centenas de horas de programa de rádio com as principais figuras locais sobre o tema. Se tivéssemos qualquer tipo de senso, Álvaro teria caído em desgraça, mas o fato é que ele passou incólume. Sua conduta não recebeu qualquer reprimenda institucional.

O ex-prefeito receitou remédios ineficazes em programas abertos, vendendo a falsa tese de que as pessoas estariam protegidas para enfrentar um vírus mortal. Com apoio de médicos e jornalistas negacionistas, levou milhares à morte no nosso estado. Todo mundo conhece alguém que se desprotegeu e morreu, acreditando em informação carente de evidência científica.

E é sintomático que, quando a vacina foi oferecida, ele tentou furar a fila para se imunizar primeiro, assim como o ex-deputado estadual Albert Dickson, outro defensor de estratégias falsas com viés político. Os dois estavam oferecendo saídas anticientíficas para as pessoas - e provaram que sabiam disso com suas práticas - apenas pela instrumentalização política do desespero alheio.

Toda essa história foi escondida pela consciência coletiva de Natal. Ninguém toca mais no assunto. E Álvaro, que claramente não perde um minuto de sono com o que fez, é tratado com zelo pelas elites da cidade.

 

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