18 de maio de 2025
Direita discute se Tarcísio será um bebê Jair reborn ou um bebê Temer reborn
Autor: Daniel Menezes
Folha de São Paulo
Por Celso Rocha de Barros
Estratégia do bolsonarismo de ganhar voto de pobre sem precisar aumentar salário fascina os ricos
Na semana passada correu a notícia de que o ex-presidente Michel Temer estava tentando organizar uma candidatura de "centro-direita" com quatro governadores que certamente anistiarão o Jair se forem eleitos presidente (Tarcísio, Caiado, Zema e Ratinho Jr.) e Eduardo Leite, que não sabemos se anistiaria.
A ideia seria discutir a candidatura a partir de um programa semelhante ao contido no documento "Ponte para o Futuro", manifesto que garantiu apoio da elite ao impeachment de Dilma.
Ao que parece, Temer estava tentando enquadrar o movimento de direita que já se articula para 2026 em outros termos: com Eduardo Leite ali na cota para não golpistas e, o que é mais importante, sem mencionar o Jair.
O candidato até poderia ser o mesmo, Tarcísio de Freitas. Porém, Tarcísio seria um bebê reborn com a cara do Temer, não com a cara do Jair.
Os bolsonaristas ficaram indignadíssimos. Fabio Wajngarten ameaçou lançar uma chapa puro-sangue de extrema direita. Malafaia disse que, sem Jair, a candidata deveria ser Michelle. Wajngarten, em conversa com Mauro Cid descoberta pela polícia, já havia dito que preferia Lula a Michele. Flávio Bolsonaro ficou mais chocado com Temer do que teria ficado se o cara que lhe vendeu a mansão lhe tivesse perguntado de onde saiu tanto dinheiro vivo. Tarcísio se apressou em dizer que não existe direita sem Bolsonaro, o que, se você pedir para o Google traduzir para o português, quer dizer "au, au".
Foi o suficiente para Temer recuar e dizer que Bolsonaro pode perfeitamente participar da frente de centro-direita. Afinal, no Brasil "centro" é só o negócio em que os ricos querem votar.
Também chamou atenção o pouco entusiasmo entre os governadores com a ideia de um "Ponte para o Futuro 2".
Não é por acaso: "Ponte" foi um bom manifesto para o impeachment, que não dependia de voto popular. Para ganhar eleição, desde 2018 o plano é falar de liberalismo em evento empresarial e concentrar a campanha em pautas de costumes e disseminação de notícias falsas no grupo de zap da Igreja. Esse é o grande fascínio que o bolsonarismo exerce sobre os ricos: é uma estratégia de ganhar voto de pobre sem precisar aumentar salário.
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