1 de maio de 2024

Álvaro Dias, da reeleição consagradora em 2020 com apoio das associações médicas e medidas ineficazes na pandemia ao insucesso de 2024 sem um candidato próprio para chamar de seu

Autor: Daniel Menezes

A expressiva votação de Álvaro Dias em 2020 ocorreu pela pandemia de covid, distribuindo ivermectina com o restante do chamado kit de tratamento precoce através de postos de atendimento à população desejosa de amparo. Deu super certo - para ele. Com o endosso carente de técnica das associações médicas, entregou aquilo que o eleitor queria ao invés de enfrentar as crendices populares que afloraram no cenário atípico. Passado o aperreio, sua avaliação despencou e o eleitor agora quer mudança.

TINO POLÍTICO AMORAL E MORTAL

No desespero demonstrado por todos com a chegada de uma doença incurável, Álvaro Dias teve tino político para presentear o eleitor com o que ele anseava - remédios e saídas fáceis. Sim, foram meios completamente ineficazes, tanto que Natal cultivou números de contágio e mortes superiores ao que se processou no Rio Grande do Norte e no Brasil. Mas de modo amoral, aqueceu os corações das pessoas com ideias carentes de fundamentação científica.

Era muito mais difícil ser portador da mensagem incapacitante - fique em casa porque não há remédio, nem para proteção e nem para cura. Estamos diante de uma doença nova e o único caminho comprovadamente eficaz é o não farmacológico de evitar o contágio.

A verdade é que Álvaro Dias não quis saber das consequências sanitárias e sociais. Mirou na eleição. E, com o apoio das elites locais trancafiadas dentro de casa, mas querendo abrir o comércio para o povão e seus funcionários que ficariam aos pés dos balcões servindo de bucha de canhão, se sagrou vencedor em primeiro turno.

ENDOSSO DA MÍDIA LOCAL

O consórcio midiático de Natal deu todo o apoio informacional e ideológico - a ivermectina protegia contra a covid e a cloroquina curava. Errado estavam aqueles que diziam que nada era possível fazer, a não ser administrar a situação através de isolamento, máscara e outras ações. Muitos falsos estudos foram espalhados e a ivermectina chegou a custar mais de 100 reais uma mísera caixa. Mentiras cabeludas sobre como apenas a prefeitura do Natal tinha aberto leitos, quando na verdade o governo do RN era o principal mantenedor de unidades hospitalares da capital e do estado, passaram a fazer parte da paisagem de blogs e portais agora colados no bolsonarismo com quem Álvaro, que é médico de formação, chafurdava.

ASSOCIAÇÕES MÉDICAS, CABOS ELEITORAIS DA ELEIÇÃO E DA MORTE

Por fim, tivemos o papel vergonhoso e assassino das associações médicas. Figuras agora alçadas a condição de cabos eleitorais, as entidades de classe baixaram resoluções favoráveis a tratamentos ineficazes. Não foram poucas as declarações de apoio a aquilo que Dias fazia, como se salvador fosse. Elas saíram da pandemia com as mãos meladas de sangue. A ignorância e a maledicência restaram comprovadas quando esses mesmos agentes passaram a patrocinar campanhas antivacinação quando os imunizantes chegaram.

A ELEIÇÃO DE 2024

Mas a pandemia passou e a gestão do cotidiano da cidade por Álvaro Dias tornou-se centro de fato das atenções. Com aprovação inferior ao dado de reprovação, sua gestão abre espaço para um contexto de mudança. Apesar de toda a pirotecnia pouco contestada por quem tem microfone na cidade, seu insucesso em seu segundo ciclo administrativo é insofismável - irá para a sucessão sem um candidato próprio competitivo.

Sim, o prefeito de Natal ainda é um agente político importante do pleito de 2024, já que controla uma máquina fortíssima com um batalhão de pessoas. Mas a ele cabe dois caminhos - tentar apoiar alguém para se manter vivo para 2026 ou naufragar junto com o pleito de 2024. Ao contrário do alardeado por aí, ele não tem muitas opções - é sobreviver politicamente ou morrer.

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